14 de julho de 2011

Deserto da insignificância

Arrasto-me pelo deserto com meu corpo podre sobre meus ombros
O peso acima do esqueleto da minha consciência esmaga o meu coração
Do cheiro sutil surgi-se uma leve brisa que abafa meu fôlego
O calor é ardil de tal maneira que derrete o meu sonho
À medida que o tempo passa à carcaça abandona-me
Contradições já não são favoráveis ao ponto que não se tem mais fé
Qualitativamente indefensável está a vida a essa altura
A cadavérica melancolia oriunda da covardia alheia
Na redução dos esforços esqueço-me de que ainda tenho preso a minha alma
Vencer o destino esta para inevitável peleja pela sobrevivência
Os meus pés acorrentados pela liberdade que me propõem vagos caminhos
Se da areia tento me fazer brilhar ou se fico escrevendo ao me murmurar
Pelo deserto agora me arrasto no sentido reto que a Natureza nos deu
 Como uma vela muitas vezes parado eu fico para energia devagar queimar
Ao chegar o fim pode-se consumir a paz de enxergar o propósito à vista
 Nada na vida pode ser mais significativo do que o nada que ela já é
O livre-arbítrio é a autentica opção da lógica irrefutável na escolha mais injusta
Que leva à verdade absoluta e incontestável sobre o deserto da minha vida
Se me insisto em viver para morrer ou se morro para ao menos conseguir sobreviver
  
Guilherme Santos                                                                        
São Paulo, dia 11 de outubro de 2010