8 de junho de 2014

     O tempo só não cura o tempo perdido. Essa imagem me faz lembrar a história escrita por Marcel Proust, Em Busca do Tempo Perdido, que terminei de ler recentemente. Entendi que as vezes vale muito mais buscar a cura em troca de algum esforço do que esperar que o tempo cure todo o inesperado. Porque o tempo até pode resolver certas coisas, o problema é que não resolve no tempo certo e sim no seu tempo que corre; no tempo que não faz mais do nosso presente aquele que foi nosso passado. O tempo, embora cicatrize, não apaga as marcas deixadas pela sua demora. Ainda quando tudo era o agora. Ainda quando tudo aconteceu. Pode ser que esperar pelo tempo seja pura perda dele. Esperar que chova para molhar a flor. Esperar que amanheça para se desculpar. Voltar atrás só quando a saudade bater. Pode ser que tudo dê certo e que o tempo traga toda a saúde de uma vida desejada. Mas o tempo nunca trará o que passou. O momento exato do entusiasmo original. A forma pura e genuína de cada gesto de cada ternura. O instante que você acreditava não durar. O que não é verdade. Pois um instante dura. Ir em busca do tempo perdido pode ser tarde demais, ou desperdício demais. Esperar pelo tempo é ter paciência e ter paciência pode ser não ter interesse, uma vez que o decorrer do tempo nos traz ameaças mas também oportunidades. Não de voltar a trás, mas de recomeçar o quanto antes.
Eu Me Chamo Antônio