14 de dezembro de 2017

Fatalidade

Já fui elogiado por quem hoje me abomina. Sou criticado por quem hoje já nem me conhece mais e sou lembrado por quem agora não precisa mais de mim. Mas o que mais dói é saber que deixei de ser importante a quem um dia tanto me amou.

6 de dezembro de 2017

Coração Satisfeito

Era cotidiana a sensação. Acordava, tomava café e batia na porta. Rir é aceitar. 


Entrei.

As gargalhadas eram o que hoje significa respeito. Porque só podemos considerar alguém que enxergue graça em nossas palavras.

Dizem que amigo da gente é só nossa família. Não sei para onde foram os meus amigos.

A diferença é gritante. Escutamos dentro de nós, na mesa do bar. Escutamos dentro de nós, no carro fechado. 

Nossa alma fica velha e sente sede. Pede muito para se hidratar. Não funciona quando não encharcada.

Os jogos já foram superados. Os games quase ninguém tem. A casa é íntima. Extremamente pequena. 

Nada se compara com o quintal estreito e cumprido do nosso passado. 

Observação atenta entre os grupos. Manifestações ínfimas. Todo descuidado é loucura.

O manejo com as palavras vale um paraíso. Garantia de socialização. 

Chama-se traquejo toda a indiferença.

Tudo começa a ter preço. Tudo começa a ser rotulado. Barganhando é que se consegue. 

Nossa percepção distorce e é distorcendo que começamos a aceitar que nenhuma ingenuidade ficou intacta. 

Vive-se momentos. Te tantos não se cabe na memória. 

Como o amadurecimento, as amizades serão tão somente amizades. Não pedirão nem exigirão dependência ou submissão.

A amizade é o que ficará depois do silêncio. Estarão prontas para não nos cobrar, mas aconselhar, sem dar sermão. 

O amor e a amizade lutará para ser uma coisa só, evitando a dor da separação.

Até finalmente não precisar se perguntar se ama por que é amigo ou se só é amigo por que é amor.