Era cotidiana a sensação. Acordava, tomava café e batia na porta. Rir é aceitar.
Entrei.
As gargalhadas eram o que hoje significa respeito. Porque só podemos considerar alguém que enxergue graça em nossas palavras.
Dizem que amigo da gente é só nossa família. Não sei para onde foram os meus amigos.
A diferença é gritante. Escutamos dentro de nós, na mesa do bar. Escutamos dentro de nós, no carro fechado.
Nossa alma fica velha e sente sede. Pede muito para se hidratar. Não funciona quando não encharcada.
Os jogos já foram superados. Os games quase ninguém tem. A casa é íntima. Extremamente pequena.
Nada se compara com o quintal estreito e cumprido do nosso passado.
Observação atenta entre os grupos. Manifestações ínfimas. Todo descuidado é loucura.
O manejo com as palavras vale um paraíso. Garantia de socialização.
Chama-se traquejo toda a indiferença.
Tudo começa a ter preço. Tudo começa a ser rotulado. Barganhando é que se consegue.
Nossa percepção distorce e é distorcendo que começamos a aceitar que nenhuma ingenuidade ficou intacta.
Vive-se momentos. Te tantos não se cabe na memória.
Como o amadurecimento, as amizades serão tão somente amizades. Não pedirão nem exigirão dependência ou submissão.
A amizade é o que ficará depois do silêncio. Estarão prontas para não nos cobrar, mas aconselhar, sem dar sermão.
O amor e a amizade lutará para ser uma coisa só, evitando a dor da separação.
Até finalmente não precisar se perguntar se ama por que é amigo ou se só é amigo por que é amor.