Sensação estranha saber que amanhã não estarei mais aqui. Ao lado dos impugnados, perceber destinos opostos, mas dores iguais. Ao crime e a vida minha poesia. Pois há um mundo em cada pedaço. Se aos avessos outros mundos não o nosso, o nosso é mundo como os outros do contrário não me oponho. O caminhão passou e a poeira subiu, constelações eu respirei e nos tecidos pulmonares estrelas engoli. Pedras preciosas, ouro, água, gás, se fundiram a minha carne e como um furacão eu as repeli sofrendo a dor da repressão. No catarro e na lágrima expressões de uma cultura. Na matemática e nos mitos segredos escondidos. Mas na hora fatal, todas as verdades girando na boca do estômago. Entre algemas e crachás, paz, justiça e liberdade. A literatura brasileira por muito tempo em meus olhos refletiu. Eu vou, mas a cultura fica. Por sorte, bem como o sol nasce, o futuro acresce.