A tristeza apertou meu coração fragilizado que hoje à tarde parecia se partir em mil pedaços. Seu conteúdo escorrido entre promessas quebradas, nos lugares vazios que meu amor costumava preencher. Apoiei o rosto na vitrine molhada e aquele olhar pálido, como um tempo nublado, deslizou lentamente acompanhando o agonizante poente do sol. Como poderia eu saber se esta dor um dia iria terminar? Aquele amor, ao contrário da matéria ou da energia, era uma fonte infindável no universo. Ali sentando eu me transbordei. Que loucura foi acreditar poder obter o que não era meu. Que frio profundo são estes dias de saudade. Da falta que me faz aquele sorriso soltos em momentos que ainda guardo como recordação.
Um sentimento que crescia a partir do nada. Que não podia ser erradicado nem mesmo do mais negro coração, protegido por um peito machucado. E eu que deveria evitar, porque infelizmente já não há mais tanto folego assim. Se eu soubesse disto, e quem diria que eu iria acreditar? Que antes de uma verdade há sempre outra verdade. Não teria nem uma chance de permanecer no triste banco tomando chocolate até àquela hora. Para que eu não tivesse que saber a segunda verdade antes da primeira; que sentir amor era carregar uma linda xícara que podia se perder ou ser quebrada. Pior, derramar sangue vermelho pelo chão e que o amor não era imutável. Ele pode se transformar em ódio como o dia se transforma em noite e como a vida se transforma em morte.