14 de março de 2018

Na ponta dos pés

       Nada contra o indivíduo querer ser promíscuo. Gostar da vida de farra e putaria. Sinto que ou o azar é dele ou o melhor dos prazeres também.

       O que me revolta é a pessoa conhecer alguém diferente, com índole de mais recatado e com isso tentar pleitear expectativas de mudanças, da vida amorosa nova, de integridade monogâmica e até de se "regredir" aos testes de fidelidade.

       Cara, que raiva tenho de gente assim, que busca alternativas de vida dentro do envolvimento com outras. Querer até que querem parar com as sacanagens e as noites em claro, mas querer conhecer alguém que as impulsione a isso, que tenha hábitos e costumes mais discretos e pacatos para engrenar com apoio ao um novo estilo e criatividade é ridículo, principalmente quando a outra pessoa deixa clara suas intenções de conhecer e se envolver com alguém que tenha histórias de vidas parecidas. Isso tem que vir do coração, da experiência, da vontade e da dedicação em ser diferente. Mas o safadinho não respeita o caso, pelo contrário, se apaixona de tal forma que começa a perseguir e a implorar por uma chance de mostrar e provar sua capacidade de adaptação. Pura conversa fiada.

       Quando você menos espera já estará virando noites, usando drogas, bebendo o bar inteiro, arriscando sua vida e quando perceber já será tarde pois já terá visto tudo o que não precisava ver nem sentir. Já estará contaminado pelas paisagens de uma vida insana e mesmo que tenha toda a maturidade de se distanciar e de se abster, ficará guardado na memória como aprendizado cruel ou conhecimento desnecessário os infortúnios de uma relação forçada.

       Esse povo que gosta da bagunça deveria procurar instabilidade entre pessoas da mesma preferência. Passou a vida toda na balada, bebendo e fumando, passou a vida toda na rua, entre amigos e inimigos, vendo do que há de mais árduo pelas calçadas, tudo por ter sido incapaz de buscar contentamento nas coisas mais simples, brandas e solitárias como uma programação de cinema ou livros de histórias divertidas.

       Viciadas em adrenalina e fortes emoções agora com a idade chegando vem as dores e os arrependimentos. As noites na cama em claro relembrando flames dos perigos e riscos enfrentados na loucura do descuido. Isso quando algo de mais grave não aconteceu com a perca de uma parte do corpo ou da alma num acidente fulminante às consequência da imprudência e do desgosto de aceitar a vida como é.

       Muita gente não sabe e não entende que os problemas são provas, teste e desafios da nossa evolução pessoal em algum plano espiritual que ninguém poderia detalhar senão o próprio quem está sofrendo. Mas são fases de turbulência que precisaríamos termos encarado com calma e fé.

       Aceitar nossas condições atuais e superar nossas dores do passado é o caminho que mais reduz os danos de nossas vidas no tempo irrequieto. Acredito que essas pessoas enxergam tudo como oportunidade. Eu não faço muito diferente: é entrar e sair sem bater a porta.