3 de julho de 2019

Rato Morto

    As análises e terapias corporais servem para quem tem condições financeiras de comprar informações egoístas ou manipular em alguma medida a individualidade do ser, da personalidade, da consciência. Quem sofre na solidão interior todos os problemas, passa pelo trabalho filosófico não de se auto afirmar como indivíduo dignamente independente, mas humano, totalmente dependente e óbvio, vivo para morrer. Quem sofre sem artifícios aprende da pior maneira a refletir não somente sobre si no mundo, mas principalmente no mundo em si, portanto, é dessa forma fria e aguda que aprendemos a amar. O ego é uma casca moldada ao nosso ser para o mundo ver. É um rato morto dentro da nossa boca. O ego é o nosso controle desnecessário pra quem somos, porém, essencial para quem não somos. Essencial para pensar no outro. É uma saída desumana pagar para treinar a mente afim de se salvar. Um erro cruel aprender a se desapegar, pois no fim o que sobra é poder, poder de se adoecer para se curar, de se machucar para se tratar, de não cair pendurado-se nas diversas muletas contra o lodo e os cacos da mais pura realidade. Não se mistura, não se cria anticorpos, não se sensibiliza, não se aprende a perdoar, a errar e admitir. O mundo e a mente estão sempre desgovernados e não há responsabilidade por nada. Desapega-se do que é certo ou errado: um suicídio da vontade de amar. Nada melhor do que você mesmo aprender. Cuspir o rato da boca nos torna especial o bastante para viver sozinho e feliz. Quem faz terapia, faz velório vivo.