20 de junho de 2015

As Sombras de um Portão ao Sol

       Acredito que dificilmente uma mulher nunca tenha tido uma melhor amiga vizinha. As frustrações as fizeram por várias vezes repensar, mas nada muda diante das novas amizades. São muitas confidências para não haver nenhuma companhia. Não basta o carinho exacerbado da mãe, não adianta atenção prepotente do pai, não é seguro os ouvidos do irmão, às vezes não se tem sorte com as graças da irmã, será extremamente ridículo diante das brincadeiras do amigo, ira parecer competitivo o carisma do gay, será criteriosa as respostas do namorado ou autoritário o professor ao querer dar concelhos, e parecerá falsa a tia, sem noção o tio não havendo condição de tolerar os paparicos da avó, mas um amiga, uma amiga sim. Mesmo que toda a segurança tenha sido destruída pelas horríveis traições, mesmo que as outras sejam indiferentes, mesmo que a fé esteja abalada, mesmo que estar sozinha pareça a melhor solução, nada será tão útil quanto um sapato emprestado. Amigas se entendem. Amigas se amam. Amigas se interessam. No geral, resume-se em necessidade, com oportunismo, com gentileza, com interesse, para depois que tudo mudar, ela começar a namorar, viajar ou estudar, ainda surgir mensagens perdidas, indiretas no face e um doce mistério, que nem elas poderiam adivinhar: a oportunidade de a qualquer momento voltarem a estar juntas como antes. Acho difícil, muito difícil a mulher nunca mais se lembrar da vizinha, sua melhor amiga.


Me chamem de louco

         Todos os domingo, por volta das 19h, a bateria dos curso de economia da PUC ensaiam frente ao bienal do Ibirapuera, a entrada principal. Eu sempre passo perto e devagar. Essas agremiações sempre me encantaram. Vejo um samba que não conheço, não entendo e não imagino, senão, participando, apensar de muito leigo. Fico com desejo de me enturmar, mas com a consciência de que não será igual a pedir para junto fumar narguilé em meio a uma galera. Sei que são contextos diferentes em sua complexidade. Se envolver até seria fácil, mas não seria igual em participar. Sei muito bem que embora o som seja agradável e harmônico, não o faz ser simples de produzir, ao contrário, quando mais bonito mais complicado. Mas sei também que apesar de tudo, um dia terei que enfrentar meus receios, caso realmente eu queira daquele grupo um dia fazer parte. Decidi não ir embora sem falar com alguém dalí. Um amigo resmungo: ta louco! vamos embora! Respondi chamando-o para me acompanhar, que não poderia ficar mais um fds pensando no porquê de não ter ao menos perguntado sobre o funcionamento e as agendas. Retrucou: todo fds vc fala a mesma coisa, então para de ser louco e vamos embora! Fez-me lembrar quando fui chamado de louco ao tentar pintar um quadro pela primeira vez e fico imaginando como seria se eu tivesse acreditado que aquilo era mesmo uma louca. Como seria se eu tivesse acreditado que fazer SENAI na infância fosse uma loucura? Como seria se eu tivesse acreditado que começar a fazer academia e trabalhar com 16 anos fosse uma loucura? Como seria se eu tivesse acreditado que gastar quinhentos reais em uma bicicleta fosse uma loucura? Como seria se eu tivesse acreditado que aprender a andar de patins já com 23 anos fosse uma loucura? Como seria se eu tivesse acreditado que tentar ser lutador de Kung Fu já com 19 anos fosse uma loucura? Como seria se eu tivesse acreditado que sair de casa fosse uma loucura? Como seria se eu tivesse acreditado que andar de moto, virar na balada, experimentar maconha, conhecer as igrejas cristãs, uma religião afro e uma oriental, estudar administração, psicologia e direito, ser curiosos e tentar não depender de ninguém fosse uma loucura? Agora, como seria se eu acreditasse no meu amigo, que a oportunidade de começar domingo que vem na escolinha de samba fosse uma loucura?


Piadas religiosas

Curioso! Todos esses videos relacionados a rituais religiosos mostram pessoas pobres e lugares baldios. As cenas que dizem ser espirituais são retratadas pela captura de uma câmera amadora simples e as músicas provém de instrumentos improvisados. Eu com minha humilde inteligência fico pensando por que gente rica e bem sucedida não aparece fazendo coisas do gênero? Ou imagino por exemplo o lugar sendo invadido por uma equipe de choque da polícia militar... Como seria a reação, principalmente, daquele que se dizem estar "possuído". E por que sempre durante esses rituais os membros costumam fazer ou acreditar em previsões? Mas nunca vejo uma prever os números da mega sena, ou o gabarito em vestibular ou prova para concurso público? Por que esse povo místico vive na miséria tanto quando um cristão que vive com a bíblia debaixo do braço? Por que esse povo não procura fazer mais cursos, ler mais notícias, ir mais a baladas ou praticar mais esportes? Aposto que se fizessem isso não haveria tempo nem necessidade para tanta palhaçada. Viva a globalização, que banaliza os mistérios e faz toda a criatividade religiosa do homem virar piada. 


Quando perceber a hora de começar

         Nunca reparei, mas é verdade que ler rápido aparenta prepotência. Se leio rápido uma notícia, pedem para repetir. Se leio rápido uma história, pendem para ir devagar. Se no trabalho leio um ofício depressa, pedem para eu ter paciência. Se não correspondo, dirão que sou nada gentil. Quem suportaria um leitor rápido? Imagina-se convencido, certo de que não haverá erro no que fala. Seguro de seus talentos para narrar pela boca o que vê com os olhos. Quem é veloz na leitura, despertará ser afobado com a inteligência. Na escola, sentia raiva da menina. Sempre levantava a mão, oferecendo ler os textos. Em quando eu capengava para calcular as junções das vogais às consoantes, ela fazia gestos de emoção a cada ponto que surgia. Pior que até hoje não sei ler direito. Se sei, aprendi depois da preguiça. Sinto-me muito bem omitindo que só conheço literatura porque assisto os filmes das obras. rsrsrs 😅 Por que ler é uma coisa, ler e interpretar é outra. E a preguiça resiste justamente ai, somente ler, porque interpretar é algo que todos querem. Assim como saúde, riqueza, mas trabalho e determinação são difíceis, morosos. Ler rápido não é exatamente uma dadiva. Ler rápido é uma conquistá. Uma habilidade que felizmente não cai do céu. Basta praticar e aprender para ser nomeado como chato. Pedirão para se desligar. Chamarão os bombeiros. Gozarão da sua cara, dizendo passar por descontrolado. Mas quando alguém finalmente perguntar, por onde você andou? E o ver conquistar o mundo com palavras, ficarão calados, pensando numa forma de também começar.


A possibilidade

Conheço pessoas que não se importam em fazer as unhas da mão. Conheço pessoas se alienam em novelas mexicanas. Conheço pessoas que não se importam em não saber cozinhar. Conheço pessoas que não ligam para o que os outros pensam.
E são por conta de todas essas pessoas que é possível ser diferente.                     







Confusa! Convicta!

Convicta! Pro lado de cá não tem acesso. Mesmo que me chame pelo nome. Mesmo que admitam meu regresso. Toda vez que vou a porta some. O buraco do espelho está fechado. Caí na rotina.
Agora tenho que ficar agora. Fui pelo abandono abandonada, aqui dentro do lado de fora. Acordo, e continuo sonhando. Tento se iludir de que nada na pele mudou. Nunca tive tanta pressa de chegar atrasada.
Porém tempo implica peso. Mas isso não importa a importância do importante. No fim tudo é mentira e o amor só existe se for próprio. Só existe quando é seu. Meu amor existe e ninguém poderá negar.
A janela some na parede. Óbvio que irei chorar. Com um olho aberto, outro acordado. Essa são minhas noites ricas. Parafraseando ter tudo mas não tendo nada. Como todo pensando que sem música ficaria insignificante.
Influências. Agora tudo faz sentido. Só preciso me casar porque constantemente alguém se casa. Azar ou cultura? Confusa!


Máscaras da impunidade

       Mano, vejo um monte de gente relacionando a falta de educação em detrimento da maioridade penal. Quem fala isso se sente o esperto, tipo assistente social que trabalha no IBGE, por associar que um menor infrator sempre é o negro, ou o não branco, sem acesso a lazer, moradia e educação, o "mister vítima da sociedade". Interessante, mas o curioso é que todas às vezes que abro o jornal não sei definir qual o índice de criminalidade é maior: a aquele sujeito pobre e desfavorecido ou se é aquele super instruído, formado em uma puta universidade, ou é bacharel ou é mestre e às vezes até é doutor, figura pública extremamente conhecida, detentor de um mega cargo público ou administrador de uma gigantesca estatal. São máscaras da impunidade, que refletem a violência. Ridículo