Acredito que dificilmente uma mulher nunca tenha tido uma melhor amiga vizinha. As frustrações as fizeram por várias vezes repensar, mas nada muda diante das novas amizades. São muitas confidências para não haver nenhuma companhia. Não basta o carinho exacerbado da mãe, não adianta atenção prepotente do pai, não é seguro os ouvidos do irmão, às vezes não se tem sorte com as graças da irmã, será extremamente ridículo diante das brincadeiras do amigo, ira parecer competitivo o carisma do gay, será criteriosa as respostas do namorado ou autoritário o professor ao querer dar concelhos, e parecerá falsa a tia, sem noção o tio não havendo condição de tolerar os paparicos da avó, mas um amiga, uma amiga sim. Mesmo que toda a segurança tenha sido destruída pelas horríveis traições, mesmo que as outras sejam indiferentes, mesmo que a fé esteja abalada, mesmo que estar sozinha pareça a melhor solução, nada será tão útil quanto um sapato emprestado. Amigas se entendem. Amigas se amam. Amigas se interessam. No geral, resume-se em necessidade, com oportunismo, com gentileza, com interesse, para depois que tudo mudar, ela começar a namorar, viajar ou estudar, ainda surgir mensagens perdidas, indiretas no face e um doce mistério, que nem elas poderiam adivinhar: a oportunidade de a qualquer momento voltarem a estar juntas como antes. Acho difícil, muito difícil a mulher nunca mais se lembrar da vizinha, sua melhor amiga.