8 de setembro de 2016

A besta que é o homem

    Como homem tem se tornado ainda mais um sujeito besta, não? Antes que você me julgue como alguém invejoso, afirmo que seria um tanto quanto objetivo se você concluísse que estou talvez na verdade tentando aliviar um pouco o sentimento de solidão que por eras reprimi o homem frouxo que somos. Veja que na grande maioria são praticamente mulheres quem publicam ao vivo e veja também que são homens quem curtem e fazem comentários. Embora substancialmente ninguém ganhe nada com a circunstância, ela pelo menos ganha estatus virtual, que até poderia ser materializado por quem tivesse um público extraordinariamente grande, que não é o caso da maioria quem posta ao vivo: atualmente quem é famoso fez e faz fama por meio outros canais; a postagem ao vivo seria apenas algo paliativos diante dos seus inúmeros recursos áudio visuais e maneiras criativas de se expressar. O problema na lógica é o sofrimento, esse sim, invejoso, de uma condição de inferioridade que o homem sozinho se impõe. (daí, quer usar sua força física para mostrar poder sobre a "superioridade sexual de atratividade" que elas sempre tiveram). A besta que o homem é tem dado ibobe demais a isso. O contexto revela que são elas quem têm se apresentando virtualmente com uma frequência e potência espantosamente superior a eles. Essa presença massiva das mulheres se dá pela fugacidade de oportunidades e amplitudes desconhecidas ainda por elas mesmas em sua totalidade e proporcionadas por uma onda de emancipação feminista forte, pautada por premissas de liberdade e igualdade. O homem diante dessa nova realidade não deveria se desesperar (novamente). Assim como hoje há cotas raciais por questões de dívida histórica, nosso gênero, por esse ponto de vista, terá muito o que pagar. O homem deveria ficar mais calmo. Deveria entender com tranquilidade que tudo é só um começo. Que o sexo um dia será apenas contado, assim como outras tantas mentiras que atualmente contamos em mesas e rodas de bar. Muitas coisas se tornaram lendas. Muitas outras só constaram em registros. Outras serão vistas como antiquado. Outras como bárbaro. Outras como desespero. Pois pare e pense: a história masculina é uma história de desespero, caracterizada por ambições, por ganâncias, por violências, por fobias. O homem nunca foi um sujeito naturalmente pacífico, sereno, ponderado, satisfeito. O homem continua uma besta movida por um incontrolável prazer que se não for atingido se não for atingido o faz se colocar numa condição de fracasso e impotência. Note que se ele como sendo um sujeito normal postasse algo ao vivo não teria tanta repercussão e visualização pelo público de seu próprio gênero nem quando do gênero oposto. É uma falácia acreditar que sim. Assim como é um equívoco acreditar que se você curtir e comentar o vídeo dela ela irar te chamar e lhe dar atenção. Isso é desespero, e o pior é que estar desesperado não é um diferencial, é se igualar aos milhares em sua própria decadência. O homem precisa criar uma nova identidade e largar a mão de ser frouxo. Entender sua vida e seu corpo a partir de um ponto de vista masculino, e não se basear no feminino. Não é que estou sendo invejoso em relação a globalização da mulher; não é que  estou dizendo que homens não são sensíveis e que mulheres não são práticas; estou dizendo que até o momento não se sabe o quanto o homem esconde sua emotividade e a mulher sua racionalidade, sempre em busca de caberem dentro de um modelo social. Minhas duas tristezas são: não ter estudado farmacologia neurológica para desenvolver um remédio eficaz na inibição de desejos e ansiedades e outra é talvez não estar vivo para ver alguém criar, dando fim a essa grande doença fisiológica que é o prazer.