8 de setembro de 2016

Os machucados da esperança

   Sim, eu te entendo.
   Mas entendo mesmo. Não digo que entendo para depois pedir desculpas. Não digo que entendo para depois me enfurecer. Eu fico calmo. Já não tenho mais o que perder com minha ganância.
   Quando digo que entendo é por que entendi. É por que terei a responsabilidade de repensar quando me provar o contrário. É por que terei calma para lhe ouvir. É por que irei evitar oferecer tantos conselhos: conselhos não são mais que críticas singelas.
   Entender é fazer crítica nenhuma. É aceitar ou se redimir, esquecer e deixar rolar. É reconhecer verdades e levantá-las como bandeiras e não se esconder debaixo da cama do rancor.

   Sou completamente ao seu favor.
Deseja ser seduzida, admirada, está exausta de fazer esse trabalho. Não pretende ser simpática, carinhosa, receptiva. Não pretende nada, farta de tentar, de ir atrás, de se arrepender, de amar por dois. Você deseja não pensar agora, não tomar nenhuma decisão agora, não escolher nenhum lugar agora. Você quer histórias para esquecer dores. Você que sentir medo para ter certeza que será sincero. Quer mais palavras, intensas palavras. Você quer compreensão, quer dedos bobos em seus cabelos. Você quer sexo sem sexo, quer gozar com frases. Você quer beijos de despedida, ou de reencontro. Você quer dar não só seu corpo, mas o seu silêncio. Você quer a fofura do ciúme, não a ignorância do ciúme. Você pode aceitar tudo menos ter que provar, explicar, argumentar. Você quer que insista, mas com ternura e garantia de que possa dar conta de tudo de novo. "Você deseja se sentir desejada" Você cansou de ver a eternidade morrer.

   Eu te entendo e não te desejo sorte e nem milagres. Você não precisa de milagres, mas sim de fé. Sem fé, não dá nem para amar.