8 de setembro de 2016

Nunca pare de imaginar

    Imagine que para criar seu filho você dependa de alguém que deseje seu fim? Imagine ter alguém que enquanto poderia ser seu(sua) parceiro(a) é seu(sua) maior inimigo(a). Imagine ver seu sonho de ser família acabar e, como se você despertasse para uma realidade cruel, sentir-se vulnerável, sozinho(a). Imagine ser forçado a tolerar um pai violento por não ver outra saída. Imagine ser obrigado, na guarda compartilhada, a conviver com a mãe uma criação egoísta, uma educação meia boca, e não poder falar nada, não resolver nada, pois percebe que não adianta, o estresse da discussão que se passa já não compensa mais. Imagine desistir de uma vida fragilizada e inocente para meramente se salvar. Imagine fazer do abandono a terapia. Imagine fugir para viver. Imagine viver para fugir. Imagine largar os filhos e saber que está largando. Imagine ver os filhos largados e sentir não ser capaz de sozinho(a) acolhê-los. Imagine ver o pai super gentil e, sem entender, descobrir que era tudo para agradar a atual mulher. Para impressionar. Para se mostrar sério e responsável. Para se fazer descente e disposto a um futuro dentro de casa. Para causar boa aparência de engenheiro familiar, que arrumará a torneira da pia, que trocará a resistência do chuveiro, que modificará o quintal para as crianças, que estará de plantão para emergências, que sorrirá do inicio ao fim no passeio com as(os) peraltas(os) mesmo sabendo da farra que a ex estará fazendo do outro lado com as amigas, com ótimos planos e projetos de um homem moderno e espiritual. Imagine você saber que tudo isso é uma farsa, ou pior, imagine suspeitar que possa ser real, que ele mudou... É difícil eu sei, principalmente quanto a "paternidade" que é vista como um capricho do romance, não como uma decisão para vida inteira. Que tristeza deve ser perceber os telefonemas se estreitarem, o perfil mudar, as visitas espaçarem, os laços aos poucos se esvaírem. Imagine perceber que o outro não sente culpa. Que parece ser capaz e é capaz de engravidar de novo em outra história e repetir a dedicação e multiplicar o êxodo. Imagine se por vários motivos aceite o deportado de volta, o turista de volta, o viajante e explorador de volta, que admita assumir os filhos, mas omita ser exclusivamente por desejar você. Será ótimo e afetuoso com seus dependentes enquanto têm interesse na sua companhia. E agora imagine tudo se repetindo porque foi tudo fachada. Porque usou as crianças apenas para sensibilizar sua alma. Há inúmeros tipos de psicopatas, estes são do amor.