8 de setembro de 2016

Nunca mais voltou

      Tem nome e endereço. Mas não a encontro, por mais que a procure. Passou por mim, abraçou meu coração e saiu sem aceitar recompensas. Saiu e nunca mais voltou. O que fica é o abraço e um beijo que já não lembro mais. Saiu e nunca mais voltou. Levou consigo minha vontade entre as curvas do descaso. Saiu e nunca mais voltou. O que fica é esse beijo calado e sem resposta. Poderá ter pensando qualquer coisa sobre mim. Poderá ter se decepcionado por alguma palavra que não sei; nem repreendido fui. Nem gastigado fui. Nem criticado fui. Não tive retorno quanto ao meu comportamento. Sequer fui avaliado. Simplesmente saiu e nunca mais voltou. Não aceitou meus presentes. Não aceitou minhas mentiras. Não aceitou meus conselhos. Não se interessou pela minha vida. Não procurou tolerar meu temperamento. Não reparou no meu sorriso. Não desejou se envolver. Não quis se precipitar. Foi fria. Foi esperta. Foi determinada. Foi misteriosa. Evitou brigas. Acalentou a alma. Evitou ciúmes. Respirou com o coração. Evitou saudades. Se equilíbriou com a memória. Evitou prazer. Retirou as vírgulas do desejo para desejar uma vez só. Eu, evitou, saiu e nunca mais voltou...