9 de novembro de 2022

O cativeiro da vida e o direito de morrer

Poderíamos pensar que talvez as drogas teriam acabado com a felicidade desse filosofo se não fosse o fato de que a culpa pelo sofrimento, esse que remete a escrituras como estas (Além do Bem e do Mal, 1886), nunca está nas drogas que pertencem ao elemento Terra, mas muitos antes disso, na existência dada a ele pela convivência dos pais. A origem do mal sempre está a associada a questão divina: se Deus é bom, por que aquilo criou? Podemos questionar a Deus de varias formas assim como Lúcifer fez, e no fim, quem sabe, terminar como ele. Mas ele, Lúcifer que se tornou Sátanas. em sí não está sofrendo, alias, ele por sinal foi quem ofereceu todos os prazeres, ao invés de dores, na tentação de Cristo (Lucas 4:1-13). Satanás também é chamado de "príncipe das potestades do ar" em Efésios 2:2. Ele é o "príncipe deste mundo" em João 12:31. Estes títulos e muitos outros representam as capacidades de Satanás. Dizer, por exemplo, que Satanás é o "príncipe das potestades do ar" significa que, de alguma forma, ele governa o mundo e as pessoas. Isso não quer dizer que ele governa o mundo completamente; Deus ainda é soberano. Entretanto, significa que Deus, em sua infinita sabedoria, permitiu que Satanás operasse neste mundo dentro dos limites que Deus estabeleceu para ele. Quando a Bíblia diz que Satanás tem poder sobre o mundo, devemos nos lembrar de que Deus deu a ele domínio apenas sobre os incrédulos. Os crentes não estão mais sob o domínio de Satanás (Colossenses 1:13). Os incrédulos, por outro lado, estão presos "no laço do diabo" (2 Timóteo 2:26), encontram-se no "poder do maligno" (1 João 5:19) e são escravos de Satanás (Efésios 2:2). O amor é a razão do mundo (Samsara) existir e Sátanas, sendo o que é, quis oferecer a Jesus uma vida prazerosa. Além desse mundo, do bem e do mal, da dor e do prazer, do medo e do desejo, só há o vazio (Sunyata). Mas, enquanto estamos aqui, não é a droga (Terra) o problema do mal (Fome), nem o álcool (Agua), nem o fumo (Fogo) muito menos o Ar (Satanás). Tanto que Jesus. ao ser tentado, estava a praticar jejum, então, de tanta fome, o inimigo se comoveu e no final foi caridoso, mas nosso Senhor Jesus Cristo não aceitou. É aquele velho ditado: o de graça sai caro, ou, se o barato sai caro, o de graça sai como? Meu conselho é que não devemos ser nem como Jó, nem como Nosso Senhor Jesus Cristo, mas devemos ser como Adão e Eva. Se fizermos filhos(as), nos casamos e seguimos a vida, mas se somos solteiros, temos ainda mais sorte, por que podemos planejar um casamento e os "prazeres da carne", humildemente e no tempo certo, em acordo com nossa "verdadeira vontade" (Thelema), aceitar.

Depois, o Diabo o levou a um monte muito alto e mostrou-lhe todos os reinos do mundo e o seu esplendor.
E disse-lhe: "Tudo isto te darei se te prostrares e me adorares".
Jesus lhe disse: "Retire-se, Satanás! Pois está escrito: 'Adore o Senhor, o seu Deus, e só a ele preste culto'".
Então o Diabo o deixou, e anjos vieram e o serviram. Mateus 4:8-11
Agora, não é por que temos exemplos de confiança nas escrituras e esperança nos anjos em nos servirem, como foi o que aconteceu, que devemos recusar aquilo que está sendo dado de graça. A própria vida, apesar de ter sido dada gratuitamente, nos coloca num cativeiro mundano entre bem e mal, dor e prazer, medo e desejo. É impossível abandonar o corpo a não ser que se cometa suicídio. Satanás, nesse contexto passa a ser nosso socorrista. Um ser maligno disposto a nos ajudar. Ele oferece drogas, trabalho, dores, prazeres, amizades, espaço, ar, água, comida, fogo, terra, prostitutas, casamentos, gogoboys, festas, música, brincadeiras, vingança, diversão e por todas essas coisas mundanas, das quais direta ou indiretamente, usufruímos. Nossos Senhor Jesus Cristo tinha um propósito, mas nós não temos proposito nenhum. Estamos aqui justamente por que os propósitos não foram realizados. As causas da existência do mundo e do maligno não deixaram de existir. Não há Virgem Maria a mais de 2 mil anos e como na Babilônia, até hoje, nada mudou. Porém, tais reflexões não se trata de um pacto com Satanás, mas de não ser, como ele, arrogante em aceitar a fome e a miséria como salvação pelo nosso direito de morrer. Poderíamos pensar numa trégua, ou numa colaboração ou simplesmente na simples e básica humildade, afinal, se não podemos derrotar o corpo, também não poderemos derrotar Satanás e se Deus não derrotar, faremos como Jesus ou como Jó? Sim, demos direito de morrer e morrer de fome é um boa forma de se salvar, mas maior de todas a reflexões está naquela antiga questão: e se ao morrermos de fome, pararmos no inferno? O inferno, para quem não sabe ou não lembra, fica no centro da Terra, e o Tártaro é sua parte mais profunda. Agora, imagine você ali, deitado no chão de pedra molhado, dentro de um submundo escuro, sem comida e água, sendo diariamente perdurado e maltratado por Hades, Imagine as torturas e o sofrimento infligido por Yama, o deus da morte, o soberano das regiões infernais. O irado, que julga os mortos, a quem seus mensageiros arrastam diante de seu trono. Ele é a personificação da retidão (Dharma) e o rei da justiça (Dharma-raja). Ele é, no entanto, compassivo. Quando os seres morrem, são conduzidos perante ele para serem julgados de acordo com seus atos. Nascimento, velhice, doença, punição pelo crime e morte, são considerados seus mensageiros, enviados entre os homens como um aviso para se abster do mal (Fome) e fazer o bem (Caridade). Yama questiona os seres trazidos a ele sobre se eles viram esses mensageiros e ai entra novamente aquela velha questão. Vamos mais uma vez se imaginar deitado no chão do submundo, sem noção do tempo que estamos ali e Satanás, o Príncipe, aparece e nos pergunta: lembra quando eu te ofereci o mundo e seu esplendor?