19 de agosto de 2014

Mas olha, vontade não faltou!

     —Deus não está Morto! Amém?

     —Está sim!

     —Rsrs... Sério? Que pena que você pense deste modo...

     —Penso sim, porque o próprio deus me deu essa possibilidade. Ele fala que somos livres. Isso significa que podemos pensar por nós mesmos. Mas deus também é omisso e contraditório. Ele diz que loucos são os que não acreditam na sua palavra e feliz será aquele que acredita porque são estes que herdaram o reino dos céus. Ou seja, deus é um sujeito que te criou e te colocou em um aquário, você é livre mas não me responsabilizo se você sair... A escolha é sua, ou me respeita ou você pode arriscar mas depois não irei te ajudar otário. E eu fico assim, escravo da sua misericórdia? Nem fodendo! E o dia do juízo final eu vou encher o peito e olhar na cara dele e falar, meu querido, você tem toda razão, somos feitos a sua imagem e semelhança, por que você e o homem não tem nenhuma diferença, ambos mesquinhos, ganancioso, possessivo, egoísta, hipócrita, e mais, cruel e hediondo porque se existe algum problema nesse nosso mundo, a origem é você, e você ai que está a me julgar fique ciente que está nada mais nada menos que jugando sua própria criação.... kkkkkk agora chega desse papo de ateu porque já já vou à igreja, Beijo. 

     —kkkkk entendi seu ponto Gui... Não sou de discutir... Mas só pra VOCÊ pensar... tudo q VOCÊ falou vem do livre arbítrio... E a maioria dos questionamentos de que não crê em Deus seria pelo fato de q tantas coisas ruins acontecem... Pense assim.... Se uma pessoa se apaixona por VOCÊ.. E diz q se VOCÊ não ficar com ela vai se matar... Caso aconteça VOCÊ será responsável pela morte dela? Foi uma escolha dela mas ela te fez uma proposta... VOCÊ seria ou não responsável meio q indiretamente? A diferença é q com Deus ao contrário do q você pensa não te coloca uma arma na cabeça para escolher... Esse lance de colocar em um aquário e tudo mais... Sermos escravos de sua misericórdia... Gui o fato é q pelo q escreveu VOCÊ acredita q ele exista mas não concorda com a conduta q pensa q Ele tem... O Cara lá de cima nos dá uma opção. Talvez pra quem não entenda o contexto desta opção... Pareça q Ele nos coloca contra parede... Mas ai é q esta... Se VOCÊ pensa q a quem escolheu seguir a Cristo não sofre "retaliações" está enganado... Ou q o mundo pra mim seria um mar de rosas... Tenho alegrias em Cristo, creio q Ele sempre fará o melhor mas mesmo o aceitando eu continuo com meu livre arbítrio... Eu tomo escolhas... E sim a misericórdia dele me sustenta em momentos difíceis... Pense assim Ele é a Esperança... Quase escrevi um livro kkkk... Só queria q visse meu ponto de vista... Mas respeito o seu... Se quiser depois q gente troca ideia.

     —Entendi. É por isso que ainda não estou completamente descrente. Justamente pelo que você escreveu. Eu sei muito bem que um homem não consegue suporta o infortúnio da vida sem uma crença, uma fé, uma mínima esperança. Por isso não desacreditei ainda, claro, por completo! 

     —Ainda bem que entendeu... 

     —Claro né. Eu tenho olhos para ver o que há de bom nas palavras dos outros ... Eu não excluo a essência por necessidade de adquirir apenas o que quero. Acho super ridículo ser assim, querer ouvir só que quer! Eu entendo as razoes pelas quais o homem até hoje com toda a tecnologia e toda a ciência, enfim, com toda a modernidade, ainda acreditem que deus existe. A questão não é acreditar ou desacreditar só por que não o vemos agir diante da brutalidade da vida. Mas a questão fundamental é que se não acreditarmos nele em quem vamos acreditar? Na ciência? No sol? Sei lá... Homem não suporta viver sem uma fé... E a historinha de deus caiu muito bem confortável em nossas mentes. É um descanso saber que podemos estar aqui sobrevivendo a todo esse desprazer de não ter o que queremos; viver toda essa necessidade de consumo e poder fracassada; toda a dor; a amargura das sensações tristes - umas justificadas outras sem explicação -, mas só por sabermos que ao chegar no final, pelo fato de termos passado por essa prova com honestamente e com integridade e que por conta disso herdaremos um paraíso, já é um PUTA de um alivio!!!!!!! 

     —É. Muitas pessoas acreditam porque precisam... Ou querem acreditar em vida após a Morte. A questão é que eu poderia dizer os porquês de eu crer nele e acreditar fielmente em Deus... No final a escolha de acreditar ou não vai ser sua... Os evangélicos tem uma frase q cai bem no q estou tentando dizer... No final é o Espirito Santo q convence... Sabe aquela voz q quando VOCÊ vai fazer algo errado fica martelando não faz... Ou q VOCÊ vai sair fala pra VOCÊ sair. Ou ir por outro lugar... Pra quem crê é o Espirito Santo tentando te alertar sobre as coisas.. Enfim a Escolha é individual... Eu faço minha parte em "te alertar (pode-se dizer assim) mas a escolha será sua.. Haaa e de verdade eu estava esperando q VOCÊ me respondesse com 50 pedras rsrrs não por VOCÊ... Mas normalmente quando tocamos nesse tipo de assunto as pessoas ficam bem estressadas. 

     —kkkkkkkkkkkk eu sei, pior que é desse jeito! :)



Não entendo de administração mas entendo de gente pobre.

      Caro estudante de Administração de Empresas, não caia na conversa acomodada de professores universitários. Se fossem tão bons assim não seriam professores e sim donos de grandes negócios. Porque repara só na situação: ontem um professor criticou a postura tomada pelos vendedores da loja Centauro do Shopping Metrô Tatuapé. Ele reclama que não precisa nem entrar na loja, basta passar em frente para ser abordado. Veja outra situação semelhante: domingo estava comendo no restaurante Ragazzo do Shopping Metrô Boulevard Tatuapé e um sujeito aparentemente executivo resmungava que seria melhor quando não tinham implantando as campainhas e que era muito mais cômodo e conveniente do modo tradicional, sou seja, chamar o garçom com a voz ou fazendo gestos. Concordo plenamente! Ninguém merece querer comprar um tênis em especifico e o vendedor saber que não dispõem do modelo e mesmo assim insistir oferecendo outro. Ninguém merece entrar num restaurante para comer e ser obrigado a ouvir o som repetitivo da campainha. Mas sob o ponto de vista acadêmico pedagógico e também sob a ótica das estratégias de marketing e vendas a questão é que o cara que é dono da Centauro é dono da maior rede de produtos esportivos da América Latina e o dono do Ragazzo é dono da maior rede de Fast-Food Italiana do mundo. Então para e pensa. Um estudante que vê um professor universitário reclamando das estratégias de personalidades empreendedoras como estas vai achar que ele tem o que na cabeça? Se um empresário, dono de negócios tão rendáveis como rede Fast-Food e rede de produtos esportivos, toma estas atitudes ridículas, como instalar campainhas nas mesas ou orientar os seus vendedores com base em estratégias agressivas de vendas, é por que tem um motivo. Tem que ter um motivo! Um cara desses não ia fazer isso à toa. A questão então é porquê? Por que planejar ou autorizar ações tão fúteis assim? Esses procedimentos conseguem aumentar lucros e reduz custos? De fato, seria possível acelera processos e facilitas operações? Se é tão ruim assim por que essas inovações ainda não fracassaram e, diferente disso, têm mostrado resultados positivos em suas demonstrações contábeis? Embora muito professor com mestrado e doutorado entre na sala de aula sem condição de explanar, a resposta é simples! A estratégia é focada no público-alvo. Ou seja, tudo depende de quem você é e onde você vai. Tanto o executivo quando o professor são dois pobretões. Vão a lugares onde pobre vai e pobre adora ser bem tratado. Pobre acha chique apertar botãozinho na mesa. Pobre acha gentil ser importunado em escolher um calçado. Pobre, nesses lugares, se sentem importantes. SRSRsrsrsrsr



18 de agosto de 2014

Mulher é boba? Vai pensando!

   HaHa! 

   Têm uns convencidos ai que não conhecem o perigo! Como as meninas com relação aos homens são mais pacíficas, em suas atitudes são mais ponderadas, dialogam mais e agem com mais calma, os mané se aproveitam. Claro, até a hora que o vacilão se fode. Eu já vi mulher fazer coisa que homem com poder nenhum tem talento para fazer melhor. A criatividade que uma mulher tem para conquistar o que quer é incrível. As ameaças são diversas; se você não ficar comigo eu te mato, se você não ficar comigo me suicido e deixo um bilhete pondo a culpa em você, se você não ficar comigo acabo com sua vida, com sua reputação, com sua moral, com sua profissão, com sua família, se você não ficar comigo ligo pra sua mulher e conto tudo pra ela, se você não ficar comigo ligo ou vou pessoalmente no seu local de trabalho e armo o maior barraco, se você não ficar comigo destruo sua vida acadêmica indo pessoalmente na Universidade e destruo sua moral, se você não ficar comigo vou à impressa e invento um monte de coisas e jogo você pelo resto de sua vida na lama, se você não ficar comigo arrumo dois policiais amigos meus para que em duas motos matem você e tudo fique parecendo apenas um latrocínio, se você não ficar comigo vou na Delegacia de Polícia e invento um monte de coisas a seu respeito de forma tal que o delegado ou a delegada e toda a delegacia cairão na minha lábia como se fossem verdadeiros patinhos, e testemunhas? Tenho várias amigas que se prestarão a ajudar-me, basta eu usar as teclas do meu celular, você sabe, a Lei Maria da Penha, está aí ao nosso favor, afinal, nós, mulheres, é quem damos as cartas agora, se você não ficar comigo e não fizer tudo bem direitinho, eu me machuco e ponho a culpa em você dizendo que bateu em mim, se você não ficar comigo você nem queira saber do que sou capaz... É vacilão vai achando que mulher é tudo boba! E tem umas que chega na sua cara e diz muito bem, você descobriu, saio com você e com vários outros homens sim, porque sou ninfomaníaca, gosto de vários homens, não consigo me satisfazer somente com um, e você vai ter que me aturar e aturar cada um deles porque amo você e eles são apenas usados e descartáveis... mas você não. Você é meu!



Nóia

    Porque o problema não é a droga, o problema é a arma! Você ai meu querido que fica metendo o pau em viciado, que costuma intitulá-lo como “nóia”, você que teve uma vida satisfatória; porque vida difícil mesmo não aquela que você não pôde estudar numa escola particular, comer das melhores comidas e ter vestido roupas de grife, vida difícil é você ter morado num barraco de frente para o córrego, em 5 irmãos, uma mãe imprudente que não te educou e um pai alcoólatra que te abusava. Você ia meu querido não sabe da necessidade e do prazer que é esquecer os problemas. Acender um beck; tragar um baseado; cheira um pó; fuma uma pedra. A escolha é sua! A escolha é dele! A escolha é nossa! Você ai é viciado em café e ninguém te critica. Você não perde um capítulo da novela das 9. Não almoça um dia sem acompanhado por uma coca gelada. Você que fuma cigarro. Que bebe cerveja. Que só de imaginar a dor de cabeça já procura remédio. Que bota aquela música alta horrível todo fds. Você que passa metade do dia no facebook. Ou no videogame. Ou fazendo compras. Ou vendo pornografia ou comendo. Você é outro “nóia” e a única diferença é que umas drogas são lícitas outras ilícitas. Esse é o problema. Uso de droga é uma atitude que jamais poderia ter sido tratada como ilícita. Por natureza o ser humano admira desafios, e não existe nada mais emocionante do que superá-los. Usar algo que é bom já é bom imagina se for além de bom proibido. E por conta disso, da ilegalidade, porém, germinou uma indústria doente: em vez de gerar impostos, o dinheiro dos narcóticos chega ao Estado sob a forma de propinas que fomentam a corrupção. O lucro do negócio é investido em armas que alimentam a violência. Em lugar de empregos, o tráfico oferece às crianças e jovens uma vida de crimes. Arma! Arma meu querido! O problema é arma. Se existisse um governo sério que defendesse a total legalização dos entorpecentes e diminuísse com o contrabando e a distribuição de armas no país, pronto! O “NÓIA” ia fumar sua maconha até o seu dinheiro acabar, então na hora que fosse fazer um assalto para ganhar mais dinheiro teria que fazer usando no máximo uma faca kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk; ao traficante seria a mesma coisa, no transporte da mercadoria, no assalto ao banco, a joalheria, no reforço a fuga do presidio, no roubo de carro, moto, nas balas perdidas entre guerras de facções. SÓ QUE NÃO. A gente vê mlk de 12 anos armado. Bandido acessando o face de dentro da cadeia. Deputados e Senadores sendo denunciados por fazerem parte de esquemas de corrupção e patrocínio ao tráfico de drogas e armamentos. Enfim, depois a culpa cai pro “nóia” e a “maconha”. É foda!

15 de agosto de 2014

Adiciona eu no Face :)

     Veja como funciona a burrice humana. Embora seja uma rede social, o Facebook não é tão somente um site de relacionamento: é de fofoca também. Aliás, mais de fofoca do que de qualquer outra coisa. E o mané pensa contra fluxo: começou lá no serviço novo com todo o entusiasmo do mundo e, para demostrar ser simpático, saiu adicionando todos no seu perfil. Aqueles que via pelos corredores, os que conhecia no elevador e refeitório, não deixo escapar nem as tias da faxina. Positivo até ai, porque ele nunca vai desenvolver intimidade com boa parte dessas pessoas para quem sabe no futuro o ridicularizar pelas coisas que posta. O problema é que antes disso já tinha procurado todos do departamento, de amigos até superiores hierárquicos: seu chefinho como costuma chamá-lo. Passa nem se quer um mês e da galera toda o mané só conversa com um ou dois no máximo. O resto, dividido em panelas, gritão uns aos outros queremos ver sangue! A ameba continua com os mesmos hábitos neh. É jovem, quer se associar, se inserir, quer se aparecer. Vai para balada e tira aquela foto bebaço, mas lembra que não pode publicar pois seu chefe vai ver. Tira um selfies com aquela mina top, mas se postar vai se queima com a outra do andar de cima que conheceu no corredor. Sai de role com a galera e faz aquele vídeo massa, mas lembra que não dá para colocar no face por necessidade de manter postura profissional já que busca aquela promoção. O mané começa a se constranger e se indignar. Os pensamentos revolucionários surgem na cabeça da mula e logo pensa: foda-se, ninguém paga minhas contas. Sou livre! O cara surta é começa a publicar aquelas fotos ridículas que o pessoal procura até evitar de lembrar. Umas paradas bizarras, mas na verdade simples demonstrações de alegria momentânea. O chefe, sujeito mais profissional até por exigência do cargo, pensa uma das duas: de fato esse cara é retardado; ou, esse cara está muito alegre pro meu gosto. Se o chefe for zueiro, vai zombá-lo sempre que possível diante dos colegas, no almoço, no café, sempre que puder. Se for um indivíduo sério, vai distribuir para ele as piores e mais insignificantes atividades, vai desprezá-lo em reuniões, quando fazer críticas. Enfim, tá fodido porque esse problema é praticamente impossível de reparar, eu pelo menos nunca vi alguém se sobressair recuperando a moral e uma imagem mais digna. Como é obvio, o tempo passa e o jumento ou pede demissão ou é demitido. Mas o problema não acaba ai e o pior ainda não chegou. Nas primeiras semanas fica meio abalado no face. Não pública nada. Permanece sem palavras. Depois começa a se mostrar um pouco mais tranquilo, tipo estou sossegado, consciência em paz. Entra mês e sai mês, as vezes anos e não arruma trabalho. O povo que não tem mais nada a ver com a vida dele só observa. Entra em desespero, mas passa rápido, arruma outro emprego. Desta vez, como já aprendeu a lição, o "empreguinho" novo parece um saco. O clima é tedioso senão estressante, porque como já entrou excessivamente frio e calculista, criou barreiras demais para um bom convívio interpessoal. Bate uma saudade do passado e o que o mané faz? Posta aquelas que a pessoa até se desmarca da foto. E uma parte da galera do antigo emprego o excluí e a outra, faz fofoca!



4 de agosto de 2014

Estação Carrão

      Sempre temos um lugar especial. Aquele bairro, aquela estação, aquela passarela, a praça, o orelhão, a barraca que vende agua, a que vende açaí, uma de doces, aquele ponto de ônibus que você esperava ou fazia companhia a alguém, aquele local que todas as vezes que você passa por perto, de longe, devagar, ao lado, entre ou por dentro você lembra. São tantas recordações. Momentos alegres, as vezes tristes, de enormes emoções. Momentos que deixam saudades. Fatos que ocorreram ali e que mudaram sua personalidade e fez em você outra opinião. Que te faz lembrar pessoas, alegremente com sorte, mas com ódio, da pessoa ou do azar de a ter conhecido. A companhia nunca é frustrante! Sempre viva ali. Na pior das hipóteses. Donde só com alguns minutos do seu tempo é que começa a sentir a falta daquele encontro de domingo na catraca para o futsal no parque do outro lado da vila, o colega que na volta da escola descia na estação anterior, o senhor que sempre pedia esmola. Do menino que andava em frente ao ponto de um lado para outro. Daquele cara maluco que você não sabe se ainda está vivo ou não. As pombas. Os cachorros. Aquele muro. Aquela cerca. O céu. Mas esses lugares especiais sempre trazem recordações de uma pessoa especial. Aquela que você o tempo todo evita lembrar. A falta do sorriso. De não poder retribuir. Mas dá um frio na barriga de quem sabe por acaso se encontrar. Só que você se lembra daqueles papos sobre viagens, de um dia ir embora ou daquela última vez que se encontraram. Daí bate um negro vazio. E aquele lugar que até pode ser especial se torna triste e sem sentido. As vezes seria melhor nunca mais vê-lo, independente da sua beleza e do seu lado bom. — em Estação Carrão (Metrô)


                "o inconsciente é o discurso do outro", frase de Lacan. Aliás, uma das poucas que o pensamento psicanalítico nos traz e que faz algum sentindo diante de tanta nanotecnologia e ciências epigenéticas. Mas que infelizmente ainda não respondem: quem é o outro? Para Lacan o outro é quem fala por nós. Sei lá o que Lacan quis dizer com isso. Embora se pensarmos bem, o eu que achamos que somos, nem sempre é o eu que dominamos. O nosso domínio é muito pouco sobre nós mesmos. Porque realmente parece que há um outro que fala por nós. Às vezes, por exemplo, queremos não dizer nada; essa é a nossa vontade. Mas por alguma emoção falamos, e pior, as vezes o que não deveríamos. Quando queremos esquecer algo ou alguém; essa é a nossa vontade. E como se existisse um outro, proporciona com abundância saudade e anseio. É praticamente impossível sermos mentalmente o que queremos ser. A gente é o que o outro quer. Falamos o que o outro fala. A vontade pode ser nossa, mas o sentimento não. Para não dizer que não tem dono, dizemos que é do outro. Dizemos que agimos por emoção. Estamos de cabeça quente. Falamos sem pensar. Desculpa? Não há do que se desculpar. Entenda que pode ter sido pura insensatez. E as desculpas devem ser feitas a você mesmo que não soube diferenciar você do outro. Que não é impossível. Ou é? Sei lá!



Ela já está com outro?!

          [...] "ou seja, está na minha cara que tudo isso é uma forma de vingança mal planejada feita às pressas pegando o primeiro que estivesse disponível. Ah mas se existe algo que não sinto é preguiça de procurar em mim dignidade (orgulho). Também sei mudar os ventos, embora isso tenha sempre me custado mais caro do que se eu tivesse deixado ele passar. Mas é também um exercício; uma terapia; uma maneira deu esquecer o que passou, sei lá, (esse papo de que a fila anda), o 'velho novo fracasso', tentando começar algo tão original quanto que mascare a vergonha de não ter sabido conduzir com simpatia e afeto o relacionamento anterior... mas não quero carregar este fardo e nem ficar com este aspecto horrível de derrota. Ai meu Deus eu não quero mesmo! Já desisti. Já me reanimei. Desde menina estou nesta vida. A culpada sou eu; a culpa é de um; a culpa é de outro. Eu sou a maluca. Não. Ele é o canalha. Então me perdoe por favor... E fico pensando assim: já que ninguém morre de amor, vou é entregar-me de qualquer forma a qualquer coisa porque a única atitude que me resta é tentar... é, não posso! O jeito é me permitir! Meu tic tac biológico já não sai da minha cabeça, não sai da minha barriga, não sai de mim. Droga, eu quero ser feliz! Entregar-me à sorte, ou com sorte, me entregar..., porque não sei o que fazer nem o que falar. Eu só quero adaptar-me ao melhor e mais rápido modo de apagar da minha memória todas as coisas que eu quero (para sempre) me lembrar. Fazer o que? Sei muito bem que fazemos ou por obrigação ou por pretensão. Vou continuar assim, achando que o que eu acho é o que é certo, e mesmo que eu esteja errada pelo menos eu apenas achei: nunca impus certezas. Aliás, não as tive, nem sei se as quero. Nunca tive certeza de nada... Também nunca achei estar errada, pelo menos no primeiro momento, para depois dele novamente fazer o que acho que devo; o que acho que mereço: que é tentar... Tentar simplesmente ser amada. Não amada como acho que sou (meu maior erro) mas como realmente sou; como realmente mereço. Independente das minhas inúmeras cabeçadas das tantas coisas estupidas que já fiz? Me perguntei... o que encontrei como resposta e que aprendi a fazer de melhor é chorar* Quer dizer, já nem lembro da última vez que meus olhos ainda produziam lágrimas para se hidratarem. Há muito tempo choro em silêncio, choro com a alma, por conta de tudo isso que nada sei. Nem de entender nem de explicar. Apenas que, — se mesmo eu estando errada; mesmo enganada ou me enganando — é melhor TENTAR do que continuar chorando. E quando conseguir o que não sei; quando finalmente encontrar o sei lá o quê, vou contar para todo mundo que meu sucesso é um pedaço de toda essa minha loucura por amor a mim mesma”.



Amor Adolescente sz

        Ontem minha irmã veio perguntar o que eu achava dela tatuar a frase Amor Adolescente no braço. Claro que minha resposta seria algo como: ficou maluca! Vai riscar seu corpo para mais tarde quando estiver com a pele flácida e olhar para aquele tomate estragado escrito no seu braço você se arrepender? Mas não. Não foi essa a resposta provável. Aliás... levei bem uns 30s para pensar o que dizer. Embora eu tenha minhas razões de falar o que deveria... aquela frase era diferente... Não sei se poderia encarar a atitude dela em riscar no corpo uma frase daquela como um ato imaturo ou pensado no calor da emoção. Amor Adolescente não seria só uma frase. Seria, sim, uma frase... cheia de significado. Mas como pode duas palavras fazerem tanta expressão assim? Naqueles eternos 30s permaneci calado. O lapso entre ela e eu era formado por um nostálgico silêncio. Ela me olhando com uma cara de que porra é essa! Claro, a frase era o significado de quem ela era. Que para eu significa o que um dia fui. Porque ao ouvi-la, pela minha rasa memória, embarquei-me numa rápida viagem. Lembrei de coisas que tem a impressão que não vivi, ou perdi sem aproveitar, pelo caminho. Não é nada disso eu sei. É que o tempo nos toma todo o instante que dura. Na adolescência você faz o que hoje você ridiculariza. Quem tem mais que trinta anos não reconhece aquela fase porque a partir dessa idade, principalmente o homem, quer nem pensar nas merdas que fez. Quer se livrar de tudo o que não prestou e sabe que o que fez foi o que acarretou o que hoje ele é. Tanto que aos maiores de trinta a vontade de voltar no passado e refazer tudo é tão intensa quando em qualquer fase da sua vida. Só é possível imaginar a adolescência enquanto se é um adolescente. Depois disso tudo o que te resta é se frustrar ou se arrepender. De ter vivido o q não deveria ou de não ter vivido o que poderia. O amor adolescente não tem preconceito. Você não tem preguiça de acordar cedo para fazer algo com o outro quanto tudo foi combinado. Às vezes é recíproco levantar depois do meio dia. Cara, você fica paralisado! Não há oportunidade de pensar em algo até porque você não quer pensar senão no que mais lhe interessa (o outro). A todo o momento escuta lhe dizerem “acorda!”. E você fica assim, viajando o dia todo. Não vê a hora de chegar o dia seguinte. Cedo ou tarde, que seja. Você quer acordar e se algo não estiver em sincronia você não entende e cai em confusão, já que não tem a mínima ideia do que é ser ou não ser correspondido. Do que é ser entendido. Mas que se dane! Tudo vale! E se não valesse já teria então acabado. Não tem graça pensar nos porquês. Não tem graça se houver timidez de se atirar no assento do metrô ou sentar bruscamente na calçada de uma praça. Falar alto só para provar sua coragem, sua disposição em gostar, em curtir, em viver! Nada precisa ser comprovado diante do estar junto e tudo o que vier a te incomodar você de imediato jamais ira compreender. O não-entendimento o destrói por dentro e sem parâmetro sobre como pensar ou entender você se afoga em si mesmo na melhor das intenções. Uma vontade louca de sumir. De evaporar. Nada quando não se encaixa se acomoda. Mas quando se acomoda tudo se encaixa. As exigências são os prazeres e os prazeres são as exigências. Coisas como a música mutuamente compartilhada. Aquela roupa que embora a troque todos os dias todos os dias você enxerga sempre a mesma. A piada de sempre! Coisa de adolescente! Coisa que “se não fosse isso e era menos, não fosse tanto e era quase - Paulo Leminski”. 

       Irma. Faz sim... antes que você fique velha e não veja mais graça.





Um exemplo. De Rubem Fonseca

   Cheguei em casa carregando a pasta cheia de papéis, relatórios, estudos, pesquisas, propostas, contratos. Minha mulher, jogando paciência na cama, um copo de uísque na mesa de cabeceira, disse, sem tirar os olhos das cartas, você está com um ar cansado. Os sons da casa: minha filha no quarto dela treinando impostação de voz, a música quadrifônica do quarto do meu filho. Você não vai largar essa mala?, perguntou minha mulher, tira essa roupa, bebe um uisquinho, você precisa aprender a relaxar.


   Fui para a biblioteca, o lugar da casa onde gostava de ficar isolado e como sempre não fiz nada. Abri o volume de pesquisas sobre a mesa, não via as letras e números, eu esperava apenas. Você não pára de trabalhar, aposto que os teus sócios não trabalham nem a metade e ganham a mesma coisa, entrou a minha mulher na sala com o copo na mão, já posso mandar servir o jantar?

   A copeira servia à francesa, meus filhos tinham crescido, eu e a minha mulher estávamos gordos. É aquele vinho que você gosta, ela estalou a língua com prazer. Meu filho me pediu dinheiro quando estávamos no cafezinho, minha filha me pediu dinheiro na hora do licor. Minha mulher nada pediu, nós tínhamos conta bancária conjunta. Vamos dar uma volta de carro?, convidei. Eu sabia que ela não ia, era hora da novela. Não sei que graça você acha em passear de carro todas as noites, também aquele carro custou uma fortuna, tem que ser usado, eu é que cada vez me apego menos aos bens materiais, minha mulher respondeu.

   Os carros dos meninos bloqueavam a porta da garagem, impedindo que eu tirasse o meu. Tirei os carros dos dois, botei na rua, tirei o meu, botei na rua, coloquei os dois carros novamente na garagem, fechei a porta, essas manobras todas me deixaram levemente irritado, mas ao ver os pára-choques salientes do meu carro, o reforço especial duplo de aço cromado, senti o coração bater apressado de euforia. Enfiei a chave na ignição, era um motor poderoso que gerava a sua força em silêncio, escondido no capô aerodinâmico. Saí, como sempre sem saber para onde ir, tinha que ser uma rua deserta, nesta cidade que tem mais gente do que moscas. Na avenida Brasil, ali não podia ser, muito movimento. Cheguei numa rua mal iluminada, cheia de árvores escuras, o lugar ideal. Homem ou mulher? Realmente não fazia grande diferença, mas não aparecia ninguém em condições, comecei a ficar tenso, isso sempre acontecia, eu até gostava, o alívio era maior. Então vi a mulher, podia ser ela, ainda que mulher fosse menos emocionante, por ser mais fácil. Ela caminhava apressadamente, carregando um embrulho de papel ordinário, coisas de padaria ou de quitanda, estava de saia e blusa, andava depressa, havia árvores na calçada, de vinte em vinte metros, um interessante problema a exigir uma grande dose de perícia. Apaguei as luzes do carro e acelerei. Ela só percebeu que eu ia para cima dela quando ouviu o som da borracha dos pneus batendo no meio-fio. Peguei a mulher acima dos joelhos, bem no meio das duas pernas, um pouco mais sobre a esquerda, um golpe perfeito, ouvi o barulho do impacto partindo os dois ossões, dei uma guinada rápida para a esquerda, passei como um foguete rente a uma das árvores e deslizei com os pneus cantando, de volta para o asfalto. Motor bom, o meu, ia de zero a cem quilômetros em nove segundos. Ainda deu para ver que o corpo todo desengonçado da mulher havia ido parar, colorido de sangue, em cima de um muro, desses baixinhos de casa de subúrbio.

   Examinei o carro na garagem. Corri orgulhosamente a mão de leve pelos pára-lamas, os pára-choques sem marca. Poucas pessoas, no mundo inteiro, igualavam a minha habilidade no uso daquelas máquinas.

   A família estava vendo televisão. Deu a sua voltinha, agora está mais calmo?, perguntou minha mulher, deitada no sofá, olhando fixamente o vídeo. Vou dormir, boa noite para todos, respondi, amanhã vou ter um dia terrível na companhia. 

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        Essa crônica “Passeio noturno”, por Rubem Fonseca é um exemplo de comportamento que muitas pessoas nomeariam como maldoso ou maligno no sentindo de ser bárbaro ou cruel, o que não é verdade. A atitude insensata do personagem em praticar o ato criminoso caracteriza não só uma busca necessária de satisfação diante aos seus anseios como também uma falha na atividade cerebral. O que seria fazer algo integro? Seria fazer algo aposto ao que em um acordo definiu-se o que seria improbidade? Mas nem toda a consciência humana é capaz de obedecer regras. O prazer de uma pessoa as vezes está em transgredir os ideais da boa convivência social. De transgredir a ordem. De pensar contra fluxo. De quebrar paradigmas. E tudo isso não deixa de se tratar daquela atividade cerebral. Daquele processamento de ideias. A questão então é como julgar um sujeito que pensa assim? Dai vem aquele profissional na área psicossocial fazer das minhas palavras as dele como um ato de complacência. Ridículo! Excluído possibilidade medicinais e avanços nas ciências neurológicas, remédio pra insensatez é dar com a mesma resposta. É pagar com a mesma moeda. Que não servirá apenas como uma forma de responsabilização como de exemplo a mudança dessa cultura indulgente que o Brasil ama adotar e manter diante de marginal vagabundo que não vale nem a própria vida!!!


         Duro é mentir para falar a verdade. Porque tem mentiras que por mais elaboradas que sejam, não disfarçam a realidade. Mas o bom é ser sincero com a mentira. Pelo menos sincero consigo mesmo. Dar uma razão a ela. Tem pessoas que mentem por prazer ou por covardia (conheço várias). Mas mentir por medo; por vergonha; por compaixão... Tudo que o outro espera é respeito e compreensão. Sendo falsas ou não, não importa. Não tem como saber. Que também infelizmente não tem como evitar. Que a mentira pode ser contada como um gesto de sinceridade. Por respeito ou compreensão. Mas se preferir a verdade... Fale! O problema é que na maioria das vezes as pessoas não sabem o que fazer com ela.