Veja como funciona a burrice humana. Embora seja uma rede social, o Facebook não é tão somente um site de relacionamento: é de fofoca também. Aliás, mais de fofoca do que de qualquer outra coisa. E o mané pensa contra fluxo: começou lá no serviço novo com todo o entusiasmo do mundo e, para demostrar ser simpático, saiu adicionando todos no seu perfil. Aqueles que via pelos corredores, os que conhecia no elevador e refeitório, não deixo escapar nem as tias da faxina. Positivo até ai, porque ele nunca vai desenvolver intimidade com boa parte dessas pessoas para quem sabe no futuro o ridicularizar pelas coisas que posta. O problema é que antes disso já tinha procurado todos do departamento, de amigos até superiores hierárquicos: seu chefinho como costuma chamá-lo. Passa nem se quer um mês e da galera toda o mané só conversa com um ou dois no máximo. O resto, dividido em panelas, gritão uns aos outros queremos ver sangue! A ameba continua com os mesmos hábitos neh. É jovem, quer se associar, se inserir, quer se aparecer. Vai para balada e tira aquela foto bebaço, mas lembra que não pode publicar pois seu chefe vai ver. Tira um selfies com aquela mina top, mas se postar vai se queima com a outra do andar de cima que conheceu no corredor. Sai de role com a galera e faz aquele vídeo massa, mas lembra que não dá para colocar no face por necessidade de manter postura profissional já que busca aquela promoção. O mané começa a se constranger e se indignar. Os pensamentos revolucionários surgem na cabeça da mula e logo pensa: foda-se, ninguém paga minhas contas. Sou livre! O cara surta é começa a publicar aquelas fotos ridículas que o pessoal procura até evitar de lembrar. Umas paradas bizarras, mas na verdade simples demonstrações de alegria momentânea. O chefe, sujeito mais profissional até por exigência do cargo, pensa uma das duas: de fato esse cara é retardado; ou, esse cara está muito alegre pro meu gosto. Se o chefe for zueiro, vai zombá-lo sempre que possível diante dos colegas, no almoço, no café, sempre que puder. Se for um indivíduo sério, vai distribuir para ele as piores e mais insignificantes atividades, vai desprezá-lo em reuniões, quando fazer críticas. Enfim, tá fodido porque esse problema é praticamente impossível de reparar, eu pelo menos nunca vi alguém se sobressair recuperando a moral e uma imagem mais digna. Como é obvio, o tempo passa e o jumento ou pede demissão ou é demitido. Mas o problema não acaba ai e o pior ainda não chegou. Nas primeiras semanas fica meio abalado no face. Não pública nada. Permanece sem palavras. Depois começa a se mostrar um pouco mais tranquilo, tipo estou sossegado, consciência em paz. Entra mês e sai mês, as vezes anos e não arruma trabalho. O povo que não tem mais nada a ver com a vida dele só observa. Entra em desespero, mas passa rápido, arruma outro emprego. Desta vez, como já aprendeu a lição, o "empreguinho" novo parece um saco. O clima é tedioso senão estressante, porque como já entrou excessivamente frio e calculista, criou barreiras demais para um bom convívio interpessoal. Bate uma saudade do passado e o que o mané faz? Posta aquelas que a pessoa até se desmarca da foto. E uma parte da galera do antigo emprego o excluí e a outra, faz fofoca!