Sempre temos um lugar especial. Aquele bairro, aquela estação, aquela passarela, a praça, o orelhão, a barraca que vende agua, a que vende açaí, uma de doces, aquele ponto de ônibus que você esperava ou fazia companhia a alguém, aquele local que todas as vezes que você passa por perto, de longe, devagar, ao lado, entre ou por dentro você lembra. São tantas recordações. Momentos alegres, as vezes tristes, de enormes emoções. Momentos que deixam saudades. Fatos que ocorreram ali e que mudaram sua personalidade e fez em você outra opinião. Que te faz lembrar pessoas, alegremente com sorte, mas com ódio, da pessoa ou do azar de a ter conhecido. A companhia nunca é frustrante! Sempre viva ali. Na pior das hipóteses. Donde só com alguns minutos do seu tempo é que começa a sentir a falta daquele encontro de domingo na catraca para o futsal no parque do outro lado da vila, o colega que na volta da escola descia na estação anterior, o senhor que sempre pedia esmola. Do menino que andava em frente ao ponto de um lado para outro. Daquele cara maluco que você não sabe se ainda está vivo ou não. As pombas. Os cachorros. Aquele muro. Aquela cerca. O céu. Mas esses lugares especiais sempre trazem recordações de uma pessoa especial. Aquela que você o tempo todo evita lembrar. A falta do sorriso. De não poder retribuir. Mas dá um frio na barriga de quem sabe por acaso se encontrar. Só que você se lembra daqueles papos sobre viagens, de um dia ir embora ou daquela última vez que se encontraram. Daí bate um negro vazio. E aquele lugar que até pode ser especial se torna triste e sem sentido. As vezes seria melhor nunca mais vê-lo, independente da sua beleza e do seu lado bom. — em Estação Carrão (Metrô)