4 de agosto de 2014

                "o inconsciente é o discurso do outro", frase de Lacan. Aliás, uma das poucas que o pensamento psicanalítico nos traz e que faz algum sentindo diante de tanta nanotecnologia e ciências epigenéticas. Mas que infelizmente ainda não respondem: quem é o outro? Para Lacan o outro é quem fala por nós. Sei lá o que Lacan quis dizer com isso. Embora se pensarmos bem, o eu que achamos que somos, nem sempre é o eu que dominamos. O nosso domínio é muito pouco sobre nós mesmos. Porque realmente parece que há um outro que fala por nós. Às vezes, por exemplo, queremos não dizer nada; essa é a nossa vontade. Mas por alguma emoção falamos, e pior, as vezes o que não deveríamos. Quando queremos esquecer algo ou alguém; essa é a nossa vontade. E como se existisse um outro, proporciona com abundância saudade e anseio. É praticamente impossível sermos mentalmente o que queremos ser. A gente é o que o outro quer. Falamos o que o outro fala. A vontade pode ser nossa, mas o sentimento não. Para não dizer que não tem dono, dizemos que é do outro. Dizemos que agimos por emoção. Estamos de cabeça quente. Falamos sem pensar. Desculpa? Não há do que se desculpar. Entenda que pode ter sido pura insensatez. E as desculpas devem ser feitas a você mesmo que não soube diferenciar você do outro. Que não é impossível. Ou é? Sei lá!