6 de maio de 2015

Cansei sabe!

          Hoje senti vontade de ir à igreja, mas o problema era escolher qual. Quando decido algo religioso o motivo é sempre caracterizado por um convite. Sobre as coisas da fé nunca tive autonomia. Era minha mãe que na infância me levar para igrejas evangélicas; foram meus avós severamente católicos que iniciaram meu batismo; foi um amigo e sua família a me inserir numa longa temporada no universo pentecostal; foram meus antigos mestres de artes marciais que me apresentaram toda a cultura oriental incluindo o budismo, foi minha falecida tia o candomblé e alguns costumes baianos e uma ex-amiga de trabalho o espiritismo, trocávamos filmes e livros de Chico Xavier. De moro geral ninguém nasce conceituado sobre no que ter fé: historia da carochinha é que vai sendo passada de geração em geração. Já meu caso é complicado porque diante de tudo às vezes me sinto perdido por não saber se sou um sujeito sem fé ou se tenho fé sobre todas as coisas. A única coisa que posso afirmar é que me preocupo com o fim da vida, e todas as religiões pregam algo bom e ruim após a morte. Seja lá em qual eu esteja, anseio pelo que há de melhor a me oferecer. Alias, sinto não estar sozinho, que o maior objetivo se todas as pessoas, independente de sua religião, é garantir uma vaguinha tranquila para a alma, quando já não tiver mais o corpo. Entre a carne e o espirito, o medo da morte é quem causa às varias versões da carochinha.
           Pensei direito e desisti. Liguei o pc e fui pesquisar. Pelo menos isso me fez ficar mais calmo, eu não poderia continuar confuso depois de baixar um catálogo com centenas e centenas de religiões brasileiras. Acho que o problema não vem de mim. Religião é algo muito banal cara. Cada uma defende seu ponto de vista de acordo com a cultura, condições climáticas e ambientais do lugar. Não foi novidade descobrir que a população brasileira é majoritariamente cristã, sendo sua maior parte católica, herança da colonização portuguesa, Interessante foi saber que o catolicismo era a religião oficial do estado até a constituição republicana de 1891, que instituiu o estado laico, sim, claro, por que o estado definitivamente tirou o poder das mãos da igreja. Fora isso estão presentes os movimentos básicos do protestantismo: adventismo, batistas, evangelicalismo, luteranos, metodismo e presbiterianismo. As pentecostais, episcopais, restauracionistas, e mais uma pancada incluindo os espíritas ou kardecistas. As divisões do candomblé, umbanda, esoterismo, santo daime e tradições indígenas tem nome, que eu nem fazia ideia, de animismo. Até descobri que sou alguém no meio dessa bagunça, faço parte dos 8% da população perdida. Cara, é triste isso. Carregar conosco tantas possiblidades, morrer e herdar o reúno dos céus ou queimar no inferno; quem sabe ressuscitar em outra dimensão ou permanecer aqui sob nova reencarnação. Antes Platão e companhia não tivesse inventado essa merda de existir um único Deus. A mitologia grega era tão bonitinha, com Afrodite, deusa da beleza; Apolo, deus do Sol; Ares, deus da guerra; Atena, deusa da sabedoria; Poseidon, deus dos mares; Zeus e tanto outros... Cansei sabe! Está decidido. Criarei minha religião e um livro sobre ela. Por ser o criador terei plena garantia de prosperidade e aquele que for desobediente a doutrina passará a eternidade pelado no gelo, já sobre o lado bom vou fazer como a maioria das religiões brasileiras fazem, copia o paraíso, porque voltar para esse planeta incerto, sinceramente, não está com nada.  ‪#‎cancela‬