21 de novembro de 2014

Continuarei achando...

Eu poderia repetir o que especialista dizem por ai. Eu poderia falar com a convicção de um pastor que prega testemunho na igreja em cima do altar. Eu poderia escrever aqui e depois quem sabe fazer dessas palavras um livro de auto ajudar. Eu poderia dizer que não é legal julgar alguém. Mas não. Não vou parafrasear esse clichê. Eu mesmo já não suporto o óbvio de tantas verdades. Depois de me ver superar sozinho tantos problemas não dou credito a quem me superestima, mas não abro mão da amizade. Entendi que as pessoas detêm virtudes, mas se enganam sem perceber. Entendi que não existe mal, o que existe é insensatez. Deus não criou o universo de caso pensando e nem deixou definido seus adjetivos, tudo é apenas mais uma obra de arte criada por um grande talento. Não é culpa das pessoas, é culpa da composição cerebral das pessoas. Não é fácil, eu sei que não é, de entender a capacidade de alguém comparando-a com a nossa. Infelizmente o ser humano é assim, sobrevivi por analogias, sobrevive pela busca de prazer, sem jamais se contentar e admitir definitivamente suas limitações. 
Eu resisti a tanta coisa. Eu resisti na infância a violência de uma baba.
Eu resisti na infância a dois atropelamentos. 
Eu resisti a me chamarem de zoio de bomba e nariz de tucano no fundamental. 
Eu resisti a uma briga feia de rua. 
Resisti as notas baixas na escola.
Resisti ainda menino sair de casa e em um mês a humilhação de pôr condições ser obrigado a voltar.
Resisti a traição de alguns amigos. 
Resisti ao distanciamento dos meus dois irmãos.
Resisti a indiferença do meu pai. 
Resisti aos lamentos da minha mãe
Resisti a três assaltos a mão armada. 
Resisti a uma dolorosa separação. 
Resisti a tentação do álcool e do cigarro. 
Resisti a várias demissões. 
Resisti ao terrível desemprego. Quando vejo alguém desconfiar de algo que digo que irei resistir ou conquistar sinto um passo à frente. A vida é muito simples, mas o problema é que ninguém acredita, e as vezes, nem eu. Às vezes acho que nunca terei dinheiro e lembro que era antes que eu realmente não tinha. Às vezes acho que nunca serei pai e lembro que se não fosse o medo era para eu ser de dois. Às vezes acho que nunca irei me casar e lembro que antes o que me faltava era uma aliança. Às vezes achava que nunca faria uma faculdade e hoje vou começar a segunda. Às vezes achava que nunca conseguiria sair de casa e morar sozinho e hoje completará um ano que não dependo mais dos meus pais. Às vezes achava que iria morrer e hoje descobri que a morte é apenas uma forma de nascer de novo. Hoje, contrario meu comportamento e recuso as mesmices da nossa natureza. Hoje, adverso meu pensamento e contamino a minha biologia para não desacreditar de ninguém. Exceto do acomodado. Não há bom senso para preguiçoso. Hoje, continuo achando que não vou conseguir um tanto de coisas, mas continuo achando, continuo pensando... parece que é na incerteza que descobrimos a coragem.