Não confio em você. Já me trocou uma vez. Já me fez de gato, de sapato, de chinelo, de prego, para se prender, e se juntar, se arrestando como um qualquer. Não confio em você. Já me disse coisas das quais não conseguiu sustentar. Já me exigiu atitudes que nem você teve competência de agir. Tomar ação que fosse parecida com seus princípios. Não confio em você pelas suas verdades. Que fossem mentiras, deslavadas. Que fosse falsas promessas em teu olhar. Mas nem me prometer conseguiu. Transmitiu aquela imagem orgulhosa de que não tem nada de errado e que é os outros sujeitos ao erro de te enganar. Ninguém nunca te enganou a não ser você mesma. De achar que seria fácil. Alguém disposto a dizer o que você nunca ouviu. Hipocrisia é o seu sobrenome. Que o mundo te fez assim. Por isso não julgo ser sua culpa. A intransigência do seu humor é fruto de uma revolta social. Das relações entre os outros e os seus fracassos. Da vergonha de se sentir enganada sem um mínimo de empatia. Baita frieza essa vida a castigou. Sobre todos os amores sentidos uma marca de derrota. Restará ressentimentos, mais que recordações. Logica doentia e inexplicável da natureza. Existir mais tristeza do que prazeres. Mas a felicidade continua, só muda de foco. Você vai seguir nessa vida, mas vai levar essa outra, essa mais uma, entre tantas, marcas. Vai carregar contigo essas palavras. De que a verdade é sempre a nossa verdade e o amor, o amor é a mesma coisa. O amor é sempre o nosso amor. O que temos a oferecer. Sem exigir recompensa. Eu vou lavar teu coração. Mesmo não confiando em você, por que você traiu a minha estima. Eu vou te reconhecer e te desejar o melhor. Porque você fez tudo com o maior cuidado. Porque você embora não me amasse, tentou da melhor maneira possível me dizer isso, e eu é que não quis aceitar. Talvez nem você aceite. Talvez você se case e depois de anos se pergunte, por quê? Por que não foi com ele? Simples. Por que não tinha que ser. Por que o que é é o que foi. Sempre assim. Nunca mudará. Nosso amor um pelo outro será um segredo cruel. Um desejo como qualquer outro que temos: difícil de se realizar. Vontade não faltou. Força não faltou. Oportunidade eram varias. Mas quem planta, colhe, lindos frutos. A tua beleza e o teu sorriso. A minha conversa e o meu humor. A minha carecia e os meus cuidados e os seus desleixos e caprichos. Todo meu ódio pelas suas indiferenças se convertiam aos seus olhos em enumeras chatices. Te irritou. Te sufocou. Sei que queria me mandar a puta que pariu. Sei que queria fazer pior, do simples desligar na minha cara, coisa que a gente faz a gente esquece... De recusar minhas ligações e de me ignorar a cada deslize, por pura vaidade. Sinto muito mas não consegui ser diferente. Nem melhor, nem pior. Azar é o seu que me perdeu. Engano achar que sou só mais um que passou em sua vida. Não tenho destaque e nem fui banhado a ouro, mas sei uma coisa que quase nenhum homem tem competência para descobrir. Não vou te revelar, até por que saber não supre meus outros defeitos, inclusive o de não conseguir fazer o que sei, aquilo que com o tempo aprendi e não saberia exercer. Mas você sabe do que estou falando. Você sabe qual é o maior egoísmo... Já te contei. Já te mostrei minha disposição e não só de falar, mas de agir. Tudo que eu queria era dividir a minha vida com você. Aceitar sua loucura de me ligar de 15 em 15 minutos. Amava suas ninharias. Eu te amava aos bocados. Eu vou sentir sua falta. Quer dizer, vou sentir falta de te incomodar. De querer saber o que estava pensando. Vou sentir sua falta por que gosto de você e a gente sempre gosta mais de quem não gosta da gente. O não gostar é uma afronta. Um mistério. Nos faz de capacho. Nós mata de ansiedade. De desgosto. Você alimentou o meu amor com descaço. Mas, da minha recuperação nascerá a sua admiração por mim. Você vai se lembrar desse amor como mais um, especial, na gaveta do peluda do seu coração.