23 de setembro de 2014

De repente eu te amei.

          Há quatorze anos éramos duas crianças. O que lembramos um do outro sobre aquele tempo são pequenos flash de rostos suados e cabelos soltos ao vento. Olhares contínuos, atentos e frisantes, todos sempre em direção aos lados. Eu parava de frente e te olhava sempre de repente. Não tinha pretensão. Você nem se diz então. Uma menina, uma menina que hoje me alucina. Entre as filas formadas pelo pátio da escola ao tumultuo na saída dos alunos. Era e é tudo o que temos a nos recordar. Você com nove eu com onze de que venha me lembrar. Ambos com um jeito de principiante. Tudo o que acontecia era de forma marcante. O termino da escola um mistério. Era hora de voltar a outra parte de um mundo ainda muito singelo. O almoço era sempre o mesmo, mas a saudade do amanhecer constantemente mudava de peso. Tudo era fase e nosso pensamento ainda frouxo se iludia com a realidade. Muito comovente, quem sabe até insistem. Precisávamos aprender. Era uma obrigação conhecer. Cada um com sua moral. Cada um com sua educação. Hoje tudo é mais formal. Hoje quase somos sem coração. Muito tempo se passou e de lá para cá muita coisa mudou. Foram sete para somar com sete e dar no que deu. Foi a coincidência, o tempo e o acaso que nos concedeu: a sorte. A oportunidade de quem sabe fazer o que deveríamos um dia ter feito: descobrir o amor, não por ter fé mas por notar o que ele é. Sublime observação diária do que é melhor a nós. De repente eu te amei. Não por acreditar, mas por existir. Com todas as dores e todas as magoas de cosias que nenhum de nós um dia fomos a causa. Suas experiências e sua recepção acalentada, veio como brisa, como forma, como naquele tempo em que eu suspirava. Eu não quero nenhuma discussão e você mais nenhuma frustração. Como é bom imaginar tudo dando certo. Como é bom sonhar que você é a princesa e eu o príncipe dentro de um castelo. Quem acreditaria nessa história que em quatorze anos não se fez um conto. Mas que com uma semana simplesmente se significou. Por que de repente eu te amei. Não por acreditar, mas por existir. Já que nem tudo que sinto é o que acredito. Eu simplesmente senti e não especifiquei. O especifico é o amor que não quero acredita. Embora eu tenha te amado. O amor existe e eu senti. Uma história antiga que por algum motivo veio a vir; a ser amor.