Desde criança decidi confiar em ninguém. Lembro de adquirir esta postura ainda menino, ao lado de meu pai, assistindo o seriado The X-Files, onde o principal antagonista da saga carregava um isqueiro que em seu corpo vinha escrito "trust no one" que significa justamente isso: não confiar. Tudo é uma questão de sorte, claro! Você pode por várias vezes confiar e todas se frustrar, mas dependendo você pode confiar uma única vez e nunca, para o resto da vida, se arrepender. Nesse caso o jeito é arriscar. Pena que não tenho essa coragem. Bem como não tenho coragem de esperar pela sorte, por exemplo.
Eu não confio. O antagonista de que falei tinha um apelido peculiar; Canceroso. Sim, ele era um viciado em nicotina e detinha o maior segredo do mundo. Ele realmente tinha bons motivos para confiar em ninguém. Ele não poderia se dar essa liberdade e embora nenhum de nós tenha algo tão grandioso a esconder, temos nossos segredos maiores. Que no fundo gostaríamos de compartilhar. Gostaríamos, além disso tudo, descobrir e guardar segredos. O que não se faz justo e nem gentil. Lado ruim de não confiar é que quando não confiam em nós, nos sentimos sós, e a cobrança dessa confiança é simplesmente indelicada.