12 de setembro de 2014

Que azar

         A situação é mais ou menos a seguinte. A mina é torcedora fanática e não perde um jogo do seu time. Vai as partidas de futebol assim como alguém vai ao parque de diversões. Acha que por estar entre seu grupo pode gritar, xingar, ofender, seja lá quem for. Se aproveita do barulho e do calor da emoção torcedora. Acredita que tudo não passa de uma brincadeira, de um jogo. Está ali apenas para torcer, seja da maneira qual for, ninguém ira notar, ninguém irá fazer questão. Ela pensa que o que fizer é pelo seu time e entre eles tudo é bem-vindo, aceito e comemorado. Afinal, compartilham das mesmas alegrias. Sentem as mesmas vibrações e no calor dessa euforia só quer entre todos se envolver e com a vitória ser feliz. Mas... a história não é bem assim. Embora o mundo sempre fosse regido por normas e sempre tivesse condutas as serem seguidas por uma questão de pacto social, o próprio mundo nunca deu conta de controlar se tudo era estritamente cumprido. Era praticamente impossível chegar a esse nível de monitoramento digamos do próprio homem ao qual todas aquelas regras foram impostas. Hoje? Hoje você consegue saber onde seu marido está em tempo real. Você consegue pesquisar sua vida na internet que você não sabia ou tinha esquecido que estava lá, publicada. Você consegue ter o azar de em meio a milhares de torcedores ser filmada fazendo ofensas racistas e junto a você tantos outros com a mesma sensação de libertinagem passarem despercebidos. Mas apenas você representar pelo erro de todos, porque foi por azar que seu rosto saiu no vídeo e não há como provar o contrário. Que azar.