Qual história de amor não é uma "longa" história? Perguntar como foi, como começou, como terminou, como está. Respostas curtas serão respostas suspeitas ou cômodas demais. Mas que novidades haveriam nas longas? Que história de amor não é amor e ódio juntos em alguma medida? Que história de amor não é por fim um trecho da biografia de uma busca por conforto, presença, companhia, aceitação, entrosamento. Que história de amor não é hoje uma história de prazeres e vinganças, a luz do aconchego e das suspeitas, margens da transitividade, beira rasa da alegria, oceano fundo da indiferença, qual a promessa de que um amor jamais se tornará um constante mal estar? Que história de amor hoje tem final feliz? Que história de amor hoje tem final triste? Que história de amor hoje tem final definido? Que história de amor hoje tem conclusão? Que história de amor hoje tem moral? Que história de amor hoje tem amor sem ter frustração e que história de amor hoje tem frustração sem ter amor?
Se foi uma história, foi um amor e quem ama sempre se desespera. De todos os jeitos, não encontra posição para dormir ou para escrever ou para viver ou para sorrir. Que história de amor hoje não te deixa cada vez mais surpreendido, cada vez mais frio, cada vez mais assustado, cada vez mais exigente, cada vez mais seletivo. Que história de amor hoje não te faria lembrar da impossibilidade de lidar com a separação como se fosse apenas uma indisposição, não te faz lembrar que será mais uma vez caso de paixão ou morte. Que história de amor não te coloca a mercê do acaso de ou sofrer ou não sofrer, ou inventar novas armas ou não estar em guerra por alguém. Que história de amor não nos coloca na rua, nos transforma em mendigos. Perdemos bens, a noção da realidade, a razão, e buscamos o perdão e a reconquista insanamente. Que história de amor não nos torna pedintes. São terra arrasada, são reincidentes, são torvelinhos, são redemoinhos, são furacões, são volúveis, são instáveis, são frágeis, são febris. Que história de amor não nos deixa calados e distantes, abandonando por meses atualizações nas redes sociais. Que história de amor não nos faz pensar na barbaridade de quem nos virou as costas aparentemente sem sofrer. Não existe nenhuma aparência escondendo seu pesar. É frieza mesmo. É indiferença mesmo. É pouco caso mesmo. Que história de amor não alucina. Não deixa trabalha mais, não deixa conversa mais, de não conseguir sair para se divertir, a vida para e ou esquecemos os amigos ou reencontramos todos num ato brutal da solidão. Quem não explode em suas histórias de amor? Promete esquecer e dois minutos depois está revirando tudo em busca de notícias. Promete não tocar mais no nome e vasculha as antigas conversas à procura de uma palavra esperançosa. É isso amigo leitor. As histórias de amor hoje são histórias frágeis, instáveis, que não dizem nada, sai um entra outro, goza aqui, faz gozar ali, para um tempo, mantêm-se sozinho, com os olhos aguados sem entender porra nenhuma.