Depois que nasci, passou um tempo fui para escola. Na educação física aprendi a jogar futebol e tenho jogado deste então. Nunca fiquei com uma mulher que jogasse. Na adolescência pratiquei kung fu e agora meto um muay thai no período da noite. Nunca troquei socos com quem amasse, e na violência fosse possível o perdão pela consciência da recreatividade. Nunca namorei uma mulher fitness ou que ao menos conseguisse correr 2 km. Também gosto de magrelas, mas só me relacionei com gordinhas. Também gosto de salada, de dieta, de nutrição, mas só me envolvi com as que no máximo acreditavam que leite desnatado e pão integral fossem saudáveis. Também gosto de tênis importado, calça cara, camiseta de grife, mas só me entreguei a quem no máximo usava melissa e repetia a roupa pelo menos uma vez na semana por mero desalento. Mais tarde comecei a escrever e peguei amor pela coisa. Nunca troquei cartas com uma escritora romântica ou uma leitora ávida. Nunca trepei até o fim no papel. Até no whatsapp, todas foram precoces. Iniciei-me no superior em administração e na universidade fiquei com algumas garotas, mas depois de formado não me casei com uma que tivesse CRA. Não tive história romântica após a formatura que jamais me fizesse esquecer os dadashows, os slides, a TGA. Não me realizei amorosamente na profissão e me parece um tanto frustrante esse fato, talvez por isso não tenha encerrado minha carreira acadêmica e inconscientemente ainda tenha esperança de nas cadeiras das sala de aula estudar o meu amor. No meu primeiro ano de psicologia nada aconteceu. Li Freud, mas nunca consegui compartilhar às vontades do inconsciente. Nunca beijei uma estudante de psicologia, só de engenharia e educação física. Desisti trancando a matrícula, mas colocando a culpa na mensalidade. Comecei sozinho a ler Nietzsche e nunca tive a companhia de uma mulher para dividir a incompreensividade da razão. Comecei sozinho a ler Marx e nunca tive com quem revolucionar a alma, partilhando esperanças sociais ou caçoando da religião por ser o ópio do povo. Meu estilo musical preferido é r&b, mas ao lado do meu coração só vibrou sertanejo. Já fiz alguém feliz assistindo Mad Max, mas suspeito que nunca aceitaria ver uma peça como Hamlet de Shakespeare final de domingo. Estudei para concursos, mas sem a chance de rachar uma apostila, fortalecendo a união. Sei andar de patins e, enquanto ninguém esteve disposto a aprender, estive a ensinar. Não sei tocar violão e, enquanto ninguém apareceu para ensinar, sempre estive com o meu querendo aprender. Sei fazer cálculos matemáticos, mas não sei falar outro idioma e, enquanto ninguém apareceu para aprender ou ensinar, sempre estive buscando explicação. Não sei cantar nem dançar, mas sei nadar e cozinhar e, enquanto estive com vontade de ensinar e aprender, nunca ninguém surgiu disposta cantando com as pernas. Já me relacionei com grandes amores, mas nunca me relacionei com grandes iguais. Já tive maravilhosas companhias, mas nunca tive ideais semelhanças. Não sei se seria bom ou ruim, mas depois que nasci, na verdade, nunca me encontrei.