9 de janeiro de 2017

Entregue o rascunho

     Ao passarmos pelo ensino básico, com fim de nos prepararmos para algo superior, o professor de redação nos ensina primeiro a vomitarmos tudo o que vem a mente sobre o assunto. Só depois, tende-se a pegar tudo do caos e juntar isto a ter haver com aquilo e aquilo com isso, de tal maneira a fazer com que esse tudo agrupe-se em algumas ideias que serão os parágrafos da redação. Sem falar na obrigatoriedade da proposta ser organizada entre um início e um fim. Assim, a redação final dependeu de um trabalho lógico racional que vieram a consciência em forma bruta.


     As nossas ideias cruas estão muito além da composição prática que nos é imposta. Sobre aquilo que vem a cabeça sem o menor filtro por cuidado é exatamente a nossa essência e originalidade. Sobre aquilo que falamos sem ponderar muitas vezes nos custa caro, mas é justamente a nossa carne em decomposição, sem os disfarces do perfume ou do tempero padronizados pelas exigências da sociedade. Talvez seremos julgados como loucos, mas será esta "demência" a energia da nossa alma. Por isso é que admiro a pessoa nervosa, assustada, triste; suponho que seja desse "descontrole" e vulnerabilidade a demonstração genuína do rascunho de si.