Em que medida a agressividade do homem é afrodisíaco aos desejos feminismos? Até que ponto o estresse masculino excita a mulher heterossexual? Um rosto louco, uma sobrancelha raivosa, traços firmes, corpo grande, queixo enorme, barba grossa, olhos pequenos e um sorriso malicioso encantador. Sagaz, misterioso, violento, materialista, discreto, vingativo, astucioso, cheio de ambições com quase nenhuma moral.
Um exemplo masculino é o moreno, sem camisa e tatuado. Portando roupas de grife, artigos de luxo, produtos dos mais caro. Tem cordão de ouro. Para em cima da moto com óculos escuro. Fala com voz rouca, um discurso marginal de intensa disposição. De carro, os vidros são baixos, mas o som é lá no alto. Está antenado as melhores tecnologias do momento. Preocupar-se tão somente com o que lhe agrade, o resto, que se exploda.
O Funk Carioca denota esse perfil despojado em suas letras agressivas. A pornografia usada na composição das músicas revela as vontades de um sujeito em se ver livre diante de inúmeras possibilidades. As batidas dão corpo a ostentação exacerbada, a exposição de bravura e de sexualidade. Melodias capazes de colocar em ritmo a potência de agir em prol da concretização de perversidades, abusos e aventuras. A ideia de uma vida perigosa e sem limites é central na personalidade exploradora, entretanto, quase sempre machista, prepotente e arrogante.
Em que limite a mulher achará agradável ser chamada de cachorra? É interessante para ela a generalização dá sua intimidade? Será que tudo isso só seria possível devido a alguma forma de embriaguez? Será que o uso de drogas não seria o responsável pela ousadia? Não é fácil a um corpo humano rasgar as noites em claro. Não é simples a uma vagina suportar inúmeras penetrações num mesmo dia. Não tem como naturalmente, sem barganha, um homem convencer várias meninas a entrarem em seu carro com fins de ostentação; nem seria possível sóbrio, ele conquistar as mais gatas do role, sabendo que longe dali teria outras preocupações relacionadas a variados problemas, sejam amorosos, financeiros, familiares.
Todavia, é admirável a força empreendedora desse estilo sagaz, também muito condizente com a mulher atual: despreocupada com tabus, consciente da suas opções, margens da garantia de ser desejada. Talvez um dos maiores tabus que a mulherada ainda não conseguiu se desvencilhar: necessidade de ser desejada, sentir-se atraída e segura na companhia de alguém. O homem sagaz quem sabe não seria a personificação desse indivíduo que embora promíscuo, seja imbatível e protetor. Será provedor de garantia e conforto dentro de uma possível relação que também será fruto de um tenso desafio para ela. Reside aí então a dúvida de quem seria a mulher sagaz no meio do caos das poucas diferenças.