9 de janeiro de 2017

Vigarista Doméstico

        No relacionamento sempre tem o mais folgado, a desgraça da relação. Sempre ri das suas próprias barbaridades, como se fossem atitudes normais e irrelevantes. Não se importa com o outro, vive a sombras da impunidade. Não os distraídos, mas os folgados, os que adiam eternamente uma tarefa para não ter trabalho. O que entra no quarto desesperado à procura de algo, revira roupas e calçados sem a menor consciência, depois sai deixando tudo como está. Mas a pior parte não é encontrar tudo bagunçado, mas ouvir a canalha dizer “não foi eu!”. Pessoas assim deveriam ser indiciadas pelo delito do desrespeito ao companheiro. Pessoas assim deveria ser obrigadas por lei a arcar com todas as custas e ônus do divórcio. Pessoas assim deveriam ser discriminadas como são as que perdem seus direitos políticos, mas neste caso perder os direitos amorosos, e por um tempo carregar em sua ficha o antecedente criminal de vigarista doméstico. Não é certo viver assim. Enquanto você se esforça em organizar, o outro aparece para desfazer. Enquanto você passa o tempo consertando, o outro se diverte destruído. Não é certo acorda e achar as meias com pares trocados por que o “amor da nossa vida”, atrasado, usou o que é seu sem perceber. Não é certo ver suas camisas sendo utilizadas como pijamas, como pano de chão, como refresco épocas de calor. Não é certo nem higiênico dividir a escova de dente por relaxo do outro em não trocar a dela já desfiada. Quem não tem o direito de ficar irritado quando seu companheiro vê a louça totalmente lavada e mesmo assim faz questão de sujar tudo em 5 minutos? Ou você está cansada de arrumar a casa, vem o cretino, come, dorme e a primeira coisa que faz quando chega é largar seu sapato fedorento na sala? Aí da mulher se reclamar! A resposta é imediata: "Tá de TPM". E a porra do cachorro, quando a namorada insiste querer ter um em casa, mas não coloca água, não compra ração, não limpa a merda, não leva para passear, não educa a urina, só brinca, porque brincar é fofo e fácil assim como se vê a bebê recém nascida do vizinho ao lado. Essa pessoa da relação é a preguiçosa, maldita, que até na separação não economiza lenço de papel e hipocrisia. Se separou mas não deixou a casa. A pergunta é o que fazer? Aprendi a não aceitar fim parcelado, o ódio por essas pragas não tem promoção.