9 de janeiro de 2017

Zés Ninguém

            Precisamos lidar com uma cadeia absurda de burocracias antes de conseguir solucionar um problema em repartições públicas. O jeitinho é ai um modo de sobrevivência do cidadão brasileiro. Quem não tem status para deixar de ser cidadão e passar a ser gente só encontra uma solução diante do marasmo das leis muito bem aplicadas aos Zés Ninguém. O Despachante é então aquele que irá resolver os problemas dos outros vendendo suas conexões sociais, suas relações afetivas e seus acessos à favores que não conseguimos, mercantilizando o respeito que sozinhos não podemos conquistar dos outros que não nos enxergam como pessoas. O Despachante é o malandro, profissional do jeitinho. Ele vende jeitinhos e terceiriza suas amizades influentes. Isso porque nem todos são malandros, nem todos têm o saco de enfrentar as inesgotáveis exigência de um sistema público, inchado de documentos e registros, mas se houver uma forma de pagar pela execução desse trabalho melhor. O Despachante é então um produto da nossa cultura.