A adolescência talvez seja a fase da vida em que mais falhamos no comportamento, tudo porque é nesse momento em que mais acreditamos nas próprias convicções.
Temos certeza absoluta sobre quase tudo daquilo em que vivenciamos quando criança ou que descobrimos recentemente.
Na adolescência é muito complicado abrir mão de certas razões e se transformar, pois o processo dessa época é o de grandes descobertas, mas de poucas experiências.
Somos seduzidos facilmente pelo o que é usado e falado em meio a grande maioria.
Mudamos de opinião então, com muita rapidez, seguindo tendências que fazem parte do espetáculo.
A rebeldia é um exemplo claro que condiz com a incapacidade de no memento da jovialidade negar qualquer sugestão que não seja a que satisfaça o próprio entendimento.
As exigências nessa fase são enormes ao passo de artifícios extremos, drásticos e violentos serem necessariamente usados com objetivos de atingir algum resultado.
Mas mesmo depois de adulto, cheio de traumas, sucessos e fracassos, conseguimos fazer grandes merdas agindo por impulso, sendo mesquinhos, ou completamente impaciente.
Até depois da adolescência somos capazes de cometer os mesmos erros, caindo no mesmo buraco. Pois com a vida adulta, mais do que nunca, queremos rápido o reconhecimento, o prestígio, o respeito e, em vários momentos, repassar a brutalidade da dor e do aprendizado para frente.
Descontar nos outros nosso rancor e a pena que temos das nossas feridas não deixa de ser uma forma infantil e desgovernada em conquistar poder pela força da ignorância.
Sempre assim, nunca percebemos antes ou de imediato as pisadas na bola, as mancadas, os vacilos, as bosta que, se fizessem conosco, jamais aceitaríamos. Não damos conta de reparar o quanto dizemos não ao invés de sim.
As merdas nunca tem dono.
Mas pior que fazer merda quando jovem é fazer depois da maturidade. Tão ruim que a própria maturidade é questionada.
Meditamos em cima do arrependimento se realmente crescemos. A vontade de se isolar é a vergonha de uma consciência clara a respeito das atitudes outrora infantis.
Reflexos da inépcia que temos em crescer sem aprender a saber esperar ou pensar antes de agir. Super natural. O que não é natural é morrer sem reconhecer isso. Quando alguém erra conosco e, sem clemência, desejamos retorno. A vingança é uma rebeldia dos adultos.
E como explicar a insistência de alguém? De não parar de jogar no bingo dos problemas. De ser simpático com os próprios defeitos e sempre recepciona-lós com o triste cházinho da decepção.
...o que sei até agora é que para não errar é preciso ter errado muito. E como dizem por aí, gosto é gosto: tem até gente que gosta de comer a própria merda.