10 de outubro de 2015

Um pedacinho

            Se ela sair de casa, poderá chover e ser um dia de quarta, ou de sexta, conseguirá um táxi, entrará na balada vip, escolherá o que fazer e com quem ficar. Não duvido que tudo será chato e monótono. Sem querer, mulher tem tudo o que quer, por isso, às vezes, não quer nada. É líquido e certo, ao sair sem dinheiro, beber do mais caro whisky da noite. Caíra no colo a chata alegria. Se sentirá vazia, embora completa. A dedicação no visual ilustrou às certezas. Somada a maquiagem com o cabelo subtrair a imperfeição. Estará tudo garantido. Diante do frio a segurança. Diante do empecilho o transporte. Não passará fome. Será bem vinda! Fique a vontade. Na geladeira tem pizza e o microondas fica ao lado. Misterioso abrigo. Involuntário carinho. Primeiro suspeitará estar dopada. Se bebeu, iria logo logo dormir e quando a acordar e estiver tudo tranquilo, aceitará um café. Há minissaia: o mundo. Apenas com decote: o que haverá no horizonte. Se mostrar um terço das pernas: uma amizade eterna, um amor, mas não um compromisso. Vence quem mostrar mais! No entanto, jamais passará necessidade; nunca deixará de ganhar presentes ou de receber convites. São flores surpresas, bombons com licor, as cartas perfumadas e as promessas fuleiras. Ao final, dispensará tudo em troca da mãe ou do quarto: portos seguro para a consciência. Mas nem as feias, nem as ressecadas, nem as sardentas, as oleosas, as maduras, as podres. Rua de feira nunca fica suja. A globalização é feminina, e a solidão vem de brinde. Acabou a competição. Não é preciso mais disfarça nem tolerar, toda mulher tem implicância com o homem engraçado, diz gostar mas não aguenta. Tem repulsa do piadista, aquele que desfia seu repertório de piadas depois de um almoço ou janta. Então agora exigirá quem entende o momento de rir e de ser sério e não demorará demais nem num espírito, nem no outro. Então agora exigirá versatilidade e pontualidade, que veja a hora de ser leve ou solidário, de modo nenhum alguém que invente comédia e force bom humor quando ela está sofrendo. Desejará mesmo o gracejo, não o sorriso escancarado de chorar. Complicado corresponder às expectativas femininas. Já tem o mundo se quiser. Então agora exigirá o homem que tiver firmeza, não força. O que demonstrar segurança em suas ideias e atitudes, não necessariamente ostentar músculos e barriga tanquinho. Fabrício Carpinejar diz que virilidade vem da determinação, surge do caráter. Carregar a alma de uma mulher é mais difícil do que levá-la nos braços pela casa. Homem tem que ser corajoso, não confundir com precipitação. Coragem é sequência, manter a vontade imperiosa de amar, apesar das dificuldades e senões. Jamais desistir no primeiro obstáculo. Homem tem que ser romântico, não desesperado. Surpreender e se declarar como se fosse simples e natural, evitando a soberba da emoção e o autoelogio. Homem tem que ser sincero, não grosseiro. Pontuar a verdade olhando nos olhos e sempre perguntando como sua companhia vê a situação. Decidir junto enquanto é dúvida, não relatar o que já foi feito. Homem tem que ser sensível, mas não chorão. É se emocionar sem ocupar o papel central, flertar a tristeza com muita alegria, como faz o samba, e não exagerar na tinta de suas lágrimas. Homem tem que ser compreensivo, mas não submisso. Ouvir, entender e se posicionar, ainda que provoque discordância. O homem, cartesiano como é, pensará ser preciso definir um ponto de equilíbrio. Não encarnar um extremo, mas compor sutilezas dentro do comportamento. Quando finalmente conseguir, correrá o risco de ser confundido como um gay. Pule para a próxima globalização
😒😵

Seu universo

      De cara, quando ouvi, percebi que era uma daquelas perguntas mal feitas que gente preguiçosa faz tentando "pagar de sabidinho", mas na verdade era uma pergunta mal feita por um sujeito com retardamento mental e frustração sexual, além de megalomania. É bastante evidente que o melhor caminho para solução de um problema de sobrecarga de trabalho, por exemplo, seja conversar com o superior hierárquico, propondo divisão de tarefas ou contração de mais pessoal, explicando ponto a ponto, mas nunca, e jamais, distribuir o seu farto a pessoas não relacionadas com a atividade. A busca desenfreada e irracional por socorro e a responsabilização dada a qualquer pessoa não garante, de modo categórico e explícito na atitude, uma solução. Mas o que mais me irrita "de fígado" não é o sujeito ter uma capacidade intelectual inversamente proporcional a sua humildade. Mas sim ver um ou dois defender e justificar o comportamento, que por sinal é completamente improdutivo. Fico pensando, será alto estima baixa e necessidade de aparecer? Será sadomasoquismo? Ou até mesmo burrice crônica e coletiva? Desculpem a falta de "tato", mas a muito tempo isso me irrita e me aborrece. De um lado aquele fulano de modo arbitrário sempre te perguntando se você resolve algo que não é de sua competência, sem pé, nem cabeça, e de outros colegas justificando como se estivessem certas e dotadas de total clareza as referidas perguntas. ‪#‎mundocorporativo‬

Faça o bem olhando a quem

            As melhores pessoas do mundo são aquelas que não desejam coisas da vida dos outros. O que roubou seu celular, desejou. Se pudesse, se conseguisse, levaria tudo o que é seu. Seu vizinho, que desejou sua mulher. Seu amigo, que desejou seu sucesso. Seu irmão, que desejou a sua parte na herança. Observo o desejo das pessoas antes de agradá-las. Se mesmo depois de velho o pai ainda não esqueceu o filho, é por que ainda o deseja. Se a mãe, mesmo depois da experiência, chama a filha de vagabunda por ter saído com o namorado e chegado tarde. é por que ainda a deseja. Há o desejo pela juventude perdida. Há o desejo pelo tempo que se foi. Há o desejo pela rigidez da carne, os músculos da perna, o suor do rosto, o dose do sangue. A alegria. A coragem. A paciência. A vontade. A força. Quem não deseja, definitivamente tem. O objeto é apenas o fim, mas as virtudes são os meios, os meios de se alcançar, de conquistar, de crescer e ser alguém. Não será o desejo de passar em um vestibular que o fará iniciar o ensino superior. Não será o desejo de namorar a mais gata da escola que o fará conquistá-la. Não será o desejo de ser rico que o fará ser poderoso. Não será o desejo pelas coisas dos outros que o fará ser igual a eles. Engraçado que às vezes as pessoas durante a vida descobrem isso e se frustram por não conseguir mudar tornando-se diferentes. Surgirá raiva. Surgirá amargura. Surgirá ódio. Ouviremos risadas da nossa estúpida inocência. Ouviremos deboches ao procurar cuidar do corpo, ao fazer aquela sacrificante dieta, ao recusar aquela deliciosa comida. Ouviremos piadas sobre as novidades da terapia, dos encontros com o psicólogo, dos livros novos de autoajuda. O cabeleireiro ira criticar, com outros fregueses, os nossos esforços. O colega de trabalho ira difamar, na companhia dos demais funcionários, nossas mudanças de hábitos, nossos novos costumes. O namorado irá fechar a cara. A mãe ira fazer escândalo. A "amiga", fofocará. A tia, rir, rir até se cansar. Parece ser proibido tentar melhorar a própria vida. Parece estranho ouvir outras músicas. Parece loucura aderir outros estilos e afinar o próprio comportamento. Se falar muito corretamente será taxado como chato. Se nos arrumarmos muito, enjoados. Se quisermos ser mais criteriosos, seremos frescos, mimados. Se insistirmos, seremos os protegidos. Dirão que alguém talvez nos banque, nos patrocine. Nunca seremos a pessoa trabalhadora e que tem sua própria opinião. Seremos a incógnita dos outros. Teremos um futuro tranquilo, porque melhor que acreditar no destino é acreditar no planejamento. Porque melhor que esperar cair pronto do céu é plantar para que nasça certo da terra. E nunca esquecer que no final deveremos com o resultado fazer o bem, mas claro, olhando a quem. QUE TODO INVEJOSO TOME NO CU NO FINAL 👌


Bem louco de amor

                Quando vc achar alguém, lembre-se sempre que achou e não encontrou. Não misture. Quando tiver um amor, segure, não reflita, não questione, não complexifique. Aprendi que quando o amor é certo, é gostoso. Vale apena prender com os dentes do coração. Não solte, não brinque com a sorte. Fale, brigue, assassine a preguiça em explicar. Escreva, invista na criatividade, faça um mapa com as palavras. Entre na justiça, recorra ao tribunal, desça ao inferno, não desista do que é seu. Tome energético, entre na brisa. Curta, a melhor overdose é a de ser bem tratado. Vc não precisa de ninguém, o que precisa é de coragem. Isso não se ensina. Orgulho é uma praga pessoal: da para matar com a saudade. Lembre-se da solidão, ela te coloca de frente com o mundo dentro de casa. Procure no carinho do rosto. Nos dedos do cabelo. No beijo mais longo. Ter alguém que faça tudo por vc é uma vez a cada vida. Alguém que não desiste quando muitos já teriam desistido, que não te enforca, não te arranha, não te empurra, nem te coloca para fora às 11h da noite e diz que o problema é seu. Alguém que te busca, que te espera, que respira fundo para te acalmar. Alguém que não te deixa ver o choro, mas te trás as lágrimas no copinho da mão. Alguém que é resistente em não te esquecer, não te largar, não te perder. Alguém que te ame distraído. Alguém sempre disponível, alguém que para tudo para ficar com você, que jamais diz não, que cancela compromissos e amigos, que unicamente quer estar com você. Alguém que visualiza sua mensagem antes de vc enviar. Alguém que não perde o habito de ser preocupado com sua comida, com seu sono. Alguém que cometa um engano, mas se arrependa te definindo. Nenhum outro alguém despertou tudo em você. Tudo, inclusive o que não presta. Vc sabe que vc não é um doce perfeito. Alguém que antes conhecia apenas essa parte de si, a parte equilibrada, a parte sociável, a parte controlada. Antes conhecia apenas o lado bom da vida, não conhecia o amor. Para se livrar do vício, elimine o consumo. Se não quer conviver, não se apaixone. Mas se quiser e encontrar um amor, prenda com as raízes do coração. Não largue esse amor até a morte. Lembre-se: pior que os efeitos colaterais são as sequelas🚬
👌

20 de junho de 2015

As Sombras de um Portão ao Sol

       Acredito que dificilmente uma mulher nunca tenha tido uma melhor amiga vizinha. As frustrações as fizeram por várias vezes repensar, mas nada muda diante das novas amizades. São muitas confidências para não haver nenhuma companhia. Não basta o carinho exacerbado da mãe, não adianta atenção prepotente do pai, não é seguro os ouvidos do irmão, às vezes não se tem sorte com as graças da irmã, será extremamente ridículo diante das brincadeiras do amigo, ira parecer competitivo o carisma do gay, será criteriosa as respostas do namorado ou autoritário o professor ao querer dar concelhos, e parecerá falsa a tia, sem noção o tio não havendo condição de tolerar os paparicos da avó, mas um amiga, uma amiga sim. Mesmo que toda a segurança tenha sido destruída pelas horríveis traições, mesmo que as outras sejam indiferentes, mesmo que a fé esteja abalada, mesmo que estar sozinha pareça a melhor solução, nada será tão útil quanto um sapato emprestado. Amigas se entendem. Amigas se amam. Amigas se interessam. No geral, resume-se em necessidade, com oportunismo, com gentileza, com interesse, para depois que tudo mudar, ela começar a namorar, viajar ou estudar, ainda surgir mensagens perdidas, indiretas no face e um doce mistério, que nem elas poderiam adivinhar: a oportunidade de a qualquer momento voltarem a estar juntas como antes. Acho difícil, muito difícil a mulher nunca mais se lembrar da vizinha, sua melhor amiga.


Me chamem de louco

         Todos os domingo, por volta das 19h, a bateria dos curso de economia da PUC ensaiam frente ao bienal do Ibirapuera, a entrada principal. Eu sempre passo perto e devagar. Essas agremiações sempre me encantaram. Vejo um samba que não conheço, não entendo e não imagino, senão, participando, apensar de muito leigo. Fico com desejo de me enturmar, mas com a consciência de que não será igual a pedir para junto fumar narguilé em meio a uma galera. Sei que são contextos diferentes em sua complexidade. Se envolver até seria fácil, mas não seria igual em participar. Sei muito bem que embora o som seja agradável e harmônico, não o faz ser simples de produzir, ao contrário, quando mais bonito mais complicado. Mas sei também que apesar de tudo, um dia terei que enfrentar meus receios, caso realmente eu queira daquele grupo um dia fazer parte. Decidi não ir embora sem falar com alguém dalí. Um amigo resmungo: ta louco! vamos embora! Respondi chamando-o para me acompanhar, que não poderia ficar mais um fds pensando no porquê de não ter ao menos perguntado sobre o funcionamento e as agendas. Retrucou: todo fds vc fala a mesma coisa, então para de ser louco e vamos embora! Fez-me lembrar quando fui chamado de louco ao tentar pintar um quadro pela primeira vez e fico imaginando como seria se eu tivesse acreditado que aquilo era mesmo uma louca. Como seria se eu tivesse acreditado que fazer SENAI na infância fosse uma loucura? Como seria se eu tivesse acreditado que começar a fazer academia e trabalhar com 16 anos fosse uma loucura? Como seria se eu tivesse acreditado que gastar quinhentos reais em uma bicicleta fosse uma loucura? Como seria se eu tivesse acreditado que aprender a andar de patins já com 23 anos fosse uma loucura? Como seria se eu tivesse acreditado que tentar ser lutador de Kung Fu já com 19 anos fosse uma loucura? Como seria se eu tivesse acreditado que sair de casa fosse uma loucura? Como seria se eu tivesse acreditado que andar de moto, virar na balada, experimentar maconha, conhecer as igrejas cristãs, uma religião afro e uma oriental, estudar administração, psicologia e direito, ser curiosos e tentar não depender de ninguém fosse uma loucura? Agora, como seria se eu acreditasse no meu amigo, que a oportunidade de começar domingo que vem na escolinha de samba fosse uma loucura?


Piadas religiosas

Curioso! Todos esses videos relacionados a rituais religiosos mostram pessoas pobres e lugares baldios. As cenas que dizem ser espirituais são retratadas pela captura de uma câmera amadora simples e as músicas provém de instrumentos improvisados. Eu com minha humilde inteligência fico pensando por que gente rica e bem sucedida não aparece fazendo coisas do gênero? Ou imagino por exemplo o lugar sendo invadido por uma equipe de choque da polícia militar... Como seria a reação, principalmente, daquele que se dizem estar "possuído". E por que sempre durante esses rituais os membros costumam fazer ou acreditar em previsões? Mas nunca vejo uma prever os números da mega sena, ou o gabarito em vestibular ou prova para concurso público? Por que esse povo místico vive na miséria tanto quando um cristão que vive com a bíblia debaixo do braço? Por que esse povo não procura fazer mais cursos, ler mais notícias, ir mais a baladas ou praticar mais esportes? Aposto que se fizessem isso não haveria tempo nem necessidade para tanta palhaçada. Viva a globalização, que banaliza os mistérios e faz toda a criatividade religiosa do homem virar piada. 


Quando perceber a hora de começar

         Nunca reparei, mas é verdade que ler rápido aparenta prepotência. Se leio rápido uma notícia, pedem para repetir. Se leio rápido uma história, pendem para ir devagar. Se no trabalho leio um ofício depressa, pedem para eu ter paciência. Se não correspondo, dirão que sou nada gentil. Quem suportaria um leitor rápido? Imagina-se convencido, certo de que não haverá erro no que fala. Seguro de seus talentos para narrar pela boca o que vê com os olhos. Quem é veloz na leitura, despertará ser afobado com a inteligência. Na escola, sentia raiva da menina. Sempre levantava a mão, oferecendo ler os textos. Em quando eu capengava para calcular as junções das vogais às consoantes, ela fazia gestos de emoção a cada ponto que surgia. Pior que até hoje não sei ler direito. Se sei, aprendi depois da preguiça. Sinto-me muito bem omitindo que só conheço literatura porque assisto os filmes das obras. rsrsrs 😅 Por que ler é uma coisa, ler e interpretar é outra. E a preguiça resiste justamente ai, somente ler, porque interpretar é algo que todos querem. Assim como saúde, riqueza, mas trabalho e determinação são difíceis, morosos. Ler rápido não é exatamente uma dadiva. Ler rápido é uma conquistá. Uma habilidade que felizmente não cai do céu. Basta praticar e aprender para ser nomeado como chato. Pedirão para se desligar. Chamarão os bombeiros. Gozarão da sua cara, dizendo passar por descontrolado. Mas quando alguém finalmente perguntar, por onde você andou? E o ver conquistar o mundo com palavras, ficarão calados, pensando numa forma de também começar.


A possibilidade

Conheço pessoas que não se importam em fazer as unhas da mão. Conheço pessoas se alienam em novelas mexicanas. Conheço pessoas que não se importam em não saber cozinhar. Conheço pessoas que não ligam para o que os outros pensam.
E são por conta de todas essas pessoas que é possível ser diferente.                     







Confusa! Convicta!

Convicta! Pro lado de cá não tem acesso. Mesmo que me chame pelo nome. Mesmo que admitam meu regresso. Toda vez que vou a porta some. O buraco do espelho está fechado. Caí na rotina.
Agora tenho que ficar agora. Fui pelo abandono abandonada, aqui dentro do lado de fora. Acordo, e continuo sonhando. Tento se iludir de que nada na pele mudou. Nunca tive tanta pressa de chegar atrasada.
Porém tempo implica peso. Mas isso não importa a importância do importante. No fim tudo é mentira e o amor só existe se for próprio. Só existe quando é seu. Meu amor existe e ninguém poderá negar.
A janela some na parede. Óbvio que irei chorar. Com um olho aberto, outro acordado. Essa são minhas noites ricas. Parafraseando ter tudo mas não tendo nada. Como todo pensando que sem música ficaria insignificante.
Influências. Agora tudo faz sentido. Só preciso me casar porque constantemente alguém se casa. Azar ou cultura? Confusa!


Máscaras da impunidade

       Mano, vejo um monte de gente relacionando a falta de educação em detrimento da maioridade penal. Quem fala isso se sente o esperto, tipo assistente social que trabalha no IBGE, por associar que um menor infrator sempre é o negro, ou o não branco, sem acesso a lazer, moradia e educação, o "mister vítima da sociedade". Interessante, mas o curioso é que todas às vezes que abro o jornal não sei definir qual o índice de criminalidade é maior: a aquele sujeito pobre e desfavorecido ou se é aquele super instruído, formado em uma puta universidade, ou é bacharel ou é mestre e às vezes até é doutor, figura pública extremamente conhecida, detentor de um mega cargo público ou administrador de uma gigantesca estatal. São máscaras da impunidade, que refletem a violência. Ridículo

6 de maio de 2015

Maioridade penal

   Sinceramente, não me interessa se o adolescente ira ser acolhido por facções após ser mantido recluso em penitenciárias. Nunca foram e nunca serão os jovens origem do sucesso de organizações criminosas. Não me interessa se o adolescente já é punido a partir dos 12 pelo estatuto da infância e juventude. Esse discurso só vejo sair da boca de burguês que nunca morou e nem estudou na quebrada, desconhece o que a molecada fala e pensa. Não me interessa ressocializar dentro de instituições ou presídios tanto adolescentes quanto vagabundo adulto. Ressocialização pra mim deveria ser trabalho, se possível, escravo! Não me interessa como os outros países encaram a questão, nem as estatísticas de quantos adotam a sistemática penal. O maior tribunal do mundo está aqui, então nada mais coerente do que pensamos em especifico, termos nossa nossa personalidade, medidas e procedimentos, não das nações unidas.
    Sinceramente, o que me interessa é saber quando será preso ou morto, de forma legal, o parlamentar que negocia entrada de armamentos pelas fronteiras. O que me interessa é saber quando será pego o parlamentar que negocia o tráfico de drogas, propina, suborno. O que me interessa é saber quando será investigado por uma justiça eficaz as razões da educação no Brasil ser tão desprezada, mascarada e subestimada. O que me interessa é saber quando intelectuais de comissões de ética farão algo além de ética. O que me interessa é saber quando o dinheiro público será integralmente usado ao bem da coletividade. Não sou a favor da maioridade penal não pelos motivos que a ignorância brasileira indica, nada disso me interessa. O que me interessa é ter a consciência de que não importará à redução da violência se o infrator já for detido aos 16 ou 17, porque a origem real da violência não começa no triste coração do adolescente, mas sim na astuta cabeça do político.


Na concha da mão

        Diferente do filho que passou a infância inteira apenas ao lado do pai, eu dividi meu tempo entre as gavetas da casa e minha mãe. Ela odiava quando bagunçava os armários. Fui muitas vezes apreciado com cascudos pela inconveniência. Como em outras épocas, não fui aquele tipo de garoto companhia na pesca, ajudante na caça; não fiquei exclusivo a sair em busca de água ou à procura de lenha. Também parei na beira do fogão e assistir o gás acabar. Não tive culpa se as paredes com azulejo me atraiam mais que as com cal. Não tive culpa se minha mãe produzia aromas comestíveis e me fazia sinais de fumaça através da janela. Ele é uma dona de casa gentil, do tipo que prova a comida na colcha da mão. Seu modo de preparo ainda não se concluiu na minha cabeça. Aprendi toda a rotina, só não o talento: dizem que se nasce com ele. Primeiro a panela ao fogo; óleo e alho indispensáveis. Vai torrar o arroz enquanto frita a carne para mais tarde lançar porções de água e molho entre um e outro que não consigo decorar. Lembro que chegava da escola correndo, abria o portão, fechava o portão. Afugentava o cachorro. Abria a porta, fechava a porta. Lançava um olhar panorâmico na sala amarelada pela luz incandescente e sugava aquele cheiro quente de feijão cozido. O barulho do bico da tampa despertava ainda mais meu apetite. Era impossível esperar diante do movimento da colher de madeira sobre a panela, só aguardava um vacilo para experimentar o gosto do sal: arroz cru não tem sabor! Foi ai que disse a minha mãe: por que não faz o arroz com manteiga veia? Não sei por que as mães depois de um tempo não pedem mais de duas vezes. Pediu-me para lavar a louça dias atrás, prometi que iria e quando decidi a encontrei secando a pia. Ou ela é rápida demais ou eu demoro muito. Na verdade, ela é rápida demais e eu demoro. É ressabiada, precavida, preocupada. Tem sempre de bate e pronto um guarda-chuva e uma linha enfiada na agulha. Minha mãe mora a mais de 30 anos em São Paulo, mas não abandonou os 20 que viveu na roça, assim como não abandonei meus 22 que viajei dentro de casa. E agora, diante do passado vejo minhas imperfeições do cotidiano que não sei dizer se são péssimas ou apenas ruins em virtude do caos social em que estou inserido. É verdade que há homens que conhecem a cozinha mais do que a sala e, embora independentes, se sentem grandes idiotas ainda perdidos no ventre de sua mãe.


Cansei sabe!

          Hoje senti vontade de ir à igreja, mas o problema era escolher qual. Quando decido algo religioso o motivo é sempre caracterizado por um convite. Sobre as coisas da fé nunca tive autonomia. Era minha mãe que na infância me levar para igrejas evangélicas; foram meus avós severamente católicos que iniciaram meu batismo; foi um amigo e sua família a me inserir numa longa temporada no universo pentecostal; foram meus antigos mestres de artes marciais que me apresentaram toda a cultura oriental incluindo o budismo, foi minha falecida tia o candomblé e alguns costumes baianos e uma ex-amiga de trabalho o espiritismo, trocávamos filmes e livros de Chico Xavier. De moro geral ninguém nasce conceituado sobre no que ter fé: historia da carochinha é que vai sendo passada de geração em geração. Já meu caso é complicado porque diante de tudo às vezes me sinto perdido por não saber se sou um sujeito sem fé ou se tenho fé sobre todas as coisas. A única coisa que posso afirmar é que me preocupo com o fim da vida, e todas as religiões pregam algo bom e ruim após a morte. Seja lá em qual eu esteja, anseio pelo que há de melhor a me oferecer. Alias, sinto não estar sozinho, que o maior objetivo se todas as pessoas, independente de sua religião, é garantir uma vaguinha tranquila para a alma, quando já não tiver mais o corpo. Entre a carne e o espirito, o medo da morte é quem causa às varias versões da carochinha.
           Pensei direito e desisti. Liguei o pc e fui pesquisar. Pelo menos isso me fez ficar mais calmo, eu não poderia continuar confuso depois de baixar um catálogo com centenas e centenas de religiões brasileiras. Acho que o problema não vem de mim. Religião é algo muito banal cara. Cada uma defende seu ponto de vista de acordo com a cultura, condições climáticas e ambientais do lugar. Não foi novidade descobrir que a população brasileira é majoritariamente cristã, sendo sua maior parte católica, herança da colonização portuguesa, Interessante foi saber que o catolicismo era a religião oficial do estado até a constituição republicana de 1891, que instituiu o estado laico, sim, claro, por que o estado definitivamente tirou o poder das mãos da igreja. Fora isso estão presentes os movimentos básicos do protestantismo: adventismo, batistas, evangelicalismo, luteranos, metodismo e presbiterianismo. As pentecostais, episcopais, restauracionistas, e mais uma pancada incluindo os espíritas ou kardecistas. As divisões do candomblé, umbanda, esoterismo, santo daime e tradições indígenas tem nome, que eu nem fazia ideia, de animismo. Até descobri que sou alguém no meio dessa bagunça, faço parte dos 8% da população perdida. Cara, é triste isso. Carregar conosco tantas possiblidades, morrer e herdar o reúno dos céus ou queimar no inferno; quem sabe ressuscitar em outra dimensão ou permanecer aqui sob nova reencarnação. Antes Platão e companhia não tivesse inventado essa merda de existir um único Deus. A mitologia grega era tão bonitinha, com Afrodite, deusa da beleza; Apolo, deus do Sol; Ares, deus da guerra; Atena, deusa da sabedoria; Poseidon, deus dos mares; Zeus e tanto outros... Cansei sabe! Está decidido. Criarei minha religião e um livro sobre ela. Por ser o criador terei plena garantia de prosperidade e aquele que for desobediente a doutrina passará a eternidade pelado no gelo, já sobre o lado bom vou fazer como a maioria das religiões brasileiras fazem, copia o paraíso, porque voltar para esse planeta incerto, sinceramente, não está com nada.  ‪#‎cancela‬

Florzinha

         Hoje sai pra vender florzinha com minha mãe. Ela é uma artista de rua que ninguém sabe: decora arranjos que ninguém reconhece, porque não é simples prestigiar algo que nasce do lixo; da bagunça que floresce a beleza. Uma arte suja, embora digna. Mas faço o favor de ajudar calado. Não é gay vender flores, gay é comprar flores, disse uma Mãe ao seu filho o vendo chorar pela vontade de levar um bocado das rosas. O menino as olhava como um dia olhei para os livros do Where's Wally e meu pai àquelas carretas de brinquedo vendidas nas beiras das estradas. O menino era atraído pelo perfume das cores; as cores atraída pela harmônia dos tons; verde e vermelho a paixão, marrom e dourado a solidão, de inverno a outono à madeira do vaso. O menino de hoje será o homem de amanhã. Chora ao desejar, chora como uma mulher. Sensível e derramado, vai falar perfumado. Pelos tradicionais será visto como gay, por ele um elogio. Já não se importará em ser confundido. O mundo é outro. Se sentirá ampliado, se sentirá favorecido. Terá o dom de conquistar as melhores garotas graças ao sorriso que aprendeu com as flores. O menino, quando for homem, saberá traduzir o desaforo. Não se sentirá diminuído, não se sentirá incomodado. Podem chamá-lo de mulher, saberá que está sendo chamado de inteligente. Saberá que sua conversa tem assunto. Saberá que seu diálogo tem conteúdo. Gosto de flores assim como esse menino. São pelas flores que guardamos segredos. São pelas flores que nos importamos com o que ainda não foi dito. São pelas flores que obtemos senso de humor. Somos carentes pelo futuro. Aprendemos a escolher as roupas. A cuidar do corpo e a afinar as cordas da atenção sem deixar passar batidos o esmalte dela nos dedos. É o esmalte não o dedo. Meus amigos dobram a toalha da mesa e ajeitam o vaso no centro. Alguns já são os homens mulheres da casa e não descobriram. Amanhã esse menino terá se aberto e se livrado do preconceito. Andará de mãos dadas com os anéis e assistirá filmes para se organizar no escuro. Será o melhor amigo da mulher e o maior inimigo do macho tímido e grosso diante da irreverência dos logos cílios e carnudos lábios. Todo homem é mulher no amor. Chamará um taxi com gritos. Fará escândalos nos aeroportos, estenderá os braços e as pernas por um atendimento de qualidade. Se importará mais com o sofrimento do outro, com a rejeição, o medo do isolamento. Sentirá a dó de uma criança. Sem orgulho, sem rancor, desabafar sentimentos diante de um copo de vinho. Quem é visto como gay hoje, será tratado como homem amanhã. Um homem que não economiza elogios e coleciona sapatos. Um homem que será educado sem ser taxado. Será espontâneo sem causar nenhum incômodo. A fragilidade de uma flor nasce da força entre a raiz da semente a porosidade da terra.




Querer

Podemos ser muito mais do que somos, sabemos disso. Podemos ser se quisermos, sabemos que só basta querer, ou ter a oportunidade. Queria além de tudo ser mais do que fui. Queria ter aberto os potes de conservas. Queria ter jogado o lixo lá fora. Queria ter trocado a lâmpada da cozinha e a resistência do chuveiro. Eu queria ter te amado mais, mais do que eu poderia. Mesmo que isso se configurasse a maior das humilhações. Eu queria. Eu queria ter sido mais escandaloso do que indiferente. Eu queria me arrepender rápido das grosserias e ser perdoado sem querer. Eu queria ter dividido as longas viagens pela estrada contigo. Ter tido mais paciência em explicar como se caminha, ter tido paciente de te ouvir dizer: eu já sei caminhar. Além disso, eu queria como queria abrir meu livro e encontrar um bilhetinho de papel rosado seu. Eu queria, em um jantar entre amigos, disputar para ver quem conta primeiro como nós nos conhecemos. Eu queria, voltando a mim, nunca ter abandonado a conversa, mesmo quando não tivesse mais nada a falar. Eu queria, voltando a você, que me corrigisse ao repetir a roupa na mesma semana. Eu queria ter conferido se a porta estava fechada mais vezes. Eu queria que tivesse me lembrado da cafeteira ligada. Eu queria ter comprado uma cafeteira. Isso que é foda. Eu queria. Eu ainda quero alguém que não se irrite com minhas sinceridades. Que não se fruste com meu amor apenas por reparar nas suas sobrancelhas borradas. Que arrume ingressos para um show de repente. Que me pergunte ao menos uma vez: o que vamos fazer final de semana? Eu queria que se importasse com meu cheiro e lamentasse sentir saudades de um dia, aflição de dois dias, paranoia de três dias, surto de dezesseis ligações e um bilhete de baixo da porta me amaldiçoando no caso praticamente de morte ou sequestro de uma semana. Eu queria que não largasse minha mão nem para coçar o rosto. Que me olhe paralisada em nirvana a me ver distraído. Que narrasse o seu dia, detalhadamente, mas claro, jogando Ben 10 Omniverse sem me dar tapas pela apelação. Eu queria que tivesse pressa de mim, que entrasse em desespero, ao chegar em casa contando notícias. Eu queria ter chamado para dormir, dado um beijo para acordar e responder com o maior carinho que me dispor sobre o tempo, antes que se levantasse para vê-lo pela janela. Eu queria ter sorrido mais, mesmo que me saísse o perfeito palhaço, mas um palhaço de suas palhaçadas. Eu queria ter sido necessário. Podemos ser se quisermos, sabemos que só basta querer, ou ter a oportunidade.


Peripécias na autoconfiança


Calma! Existem peripécias na autoconfiança. Orgulho não é apenas soberba, aliás, se o orgulho dependesse dela não existiria. É tudo falta de interesse. Não precisar, entende? Mas nem sempre conseguimos nos completar. Pode ser que trabalhemos ao máximo para isso, até de forma independente. É uma verdadeira luta conseguir acreditar em você mesmo, ainda pior se for pela sua própria validação. Há quem se socializa apenas para ser identificado nesse marasmo. Segundas intenções é definidamente humilhação. Porque o coração puro é a festa do acaso. Conheço pessoas que nunca tomaram conhecimento do seu ridículo. A maioria das vezes o problemas está dentro das ideias que temos sobre o eu. Ainda não existem remédios eficazes em apagar memórias, tratamentos para tornamos autossuficientes. Como em uma academia de musculação, meios práticos de fortalecer e definir nossa coragem. Emoções são extremamente particulares e intangíveis aos cuidados da mesma consciência. Mudanças e adaptações dependem de processos, alguns dramáticos, outros eufóricos. Uns se compreendem mais rápidos, outros nunca conseguiram. De fato ainda não é possível parar no meio da calçada e dizer: calma! Espere ai, não me preocuparei mais com isso daqui por diante enquanto viver. Que bom seria ser orgulhoso por ser orgulhoso mesmo, sem esforço mental ou adquirir por experiências traumáticas. Um app para mente de controle de todas as expectativas. Como isso ainda não existe, todo o cuidado é pouco sobre o que achamos que somos. n smile

Ela queria poder vê-lo

          Incrível a moça disse. Respondi que nem tanto a paixão, mas o inesperado. Fato marcante da vida é a incerteza sobre o que há adiante, mesmo sobre nossas emoções, coisa que é nossa, como a saúde, tudo pode acontecer. Mulher linda e apaixonante; trabalhou durante dois anos perto de um homem mais velho; ele uns 40 e tantos anos... Diretor de uma multinacional, simpático, irresistível... Ela com 21, bonita, inteligente, simplesmente se interessou, alimentou muito este sentimento e virou fissura. Ele foi recíproco, desde o começo. Tanto que ela não tomaria a iniciativa de flertar com um homem tão ocupado e financeiramente estável, MUITO estável, se é que você me entende. Como ele deu esperanças, ela abraçou e investiu e assim se passou 1 ano. Olhou daqui, ele de lá, sempre medindo, tinham uma linguagem própria, olhares que se perdiam em minutos que pareciam horas... A paixão! Aquela ao ponto de algumas pessoas perceberem. Com certeza neste momento ela já estava completamente certa de que poderia acontecer algo. O que impediria uma menina de conquistar um homem? Sendo que ele já se mostrava muito interessado? O problema é que embora ele demonstrasse com todos os gestos sentir algo, mesmo que fosse apenas desejo, ele nunca tomou uma iniciativa. Foi quando ela se resolveu e não obteve um resultado satisfatório, infelizmente. Nem parecia aquele mesmo homem. Óbvio que depois disso se desculpou pelo equívoco e se distanciou. Logo em seguida os caminhos se bifurcaram porque ela saiu da empresa por outros motivos e na sequência a empresa dele se mudou do prédio onde ela ficava. Nunca mais se viram, nunca mais se ouviram... De repente, eis que depois de 5 meses, ela sonha com ele quase todas as noites e consequentemente não para de pensar no homem, personagem principal da sua imaginação lúdica. Queria poder vê-lo, ter a chance de tentar conquistá-lo como se deve mesmo. Pensou no decote ausente, a falta do perfume marcante e gestos menos apaixonados e mais sensuais, se culpou... Sei lá, quem sabe ser mais mulher e menos menina, mais objetiva e menos apaixonada. Pensou no que poderia ter feito e não fez. Pensou no que foi sem ser, sucumbido no passado desconhecido. Seguindo a lógica de que era uma mulher e ele um homem e já que tiveram um engajamento, não seria impossível, se soubesse entrar na hora certa e lugar certo. A pergunta que me fez foi por que um homem ilude uma menina sem dó? Já que ele sabia que não levaria adiante? O que poderia fazer para conquistá-lo na sua situação atual? Como provocar um encontro sem ser taxativa? Eu olhei bem para ela e fiquei com dó rir. O mundo da voltas querida, mas não serei eu a te dizer isso e nem a te explicar, já que naturalmente não tem consciência da sua igualdade entre as indiferenças. Fora que o tamanho de desafio já me desanima. Massssss, não há o que fazer se não tentar. Ligue para ele e convide-o para UMMMMM JANTARRRRR MARAVILHOOOO!!


Maldito vestido

Faltando duas semana para sua formatura a garota ainda não se conformava. Era o momento mais especial da sua vida segundo seu julgamento tão acabado. Sentimento herdado da genética horrível do seu corpo. Isso era sua opinião, a opinião da sua imagem, na porta idiota do seu guarda roupa. O maldito vestido que não cobria seu medo. O maldito sapato que não combinava com os olhos. O maldito colar que não combinava com a pele. O rosto inchado não, não combinava com as esperanças esdrúxulas. A princesa da festa. Reluzente demais. Faltando duas semanas. Faltando apenas isso. Isso era o que faltava. O lapso da sua vergonha com o mundo que o mundo a deu. Era o vácuo entre o desastre da sua baixa estima diante da beleza que não sorteou ao nascer. Não poder se entender com o próprio corpo. Não falar com as banhas macias nem ouvir estalar as doloridas estrias. Qual o sentindo de várias estrias? E por que não compreender que depois delas vem a consciência. Por que não perdoar as axilas escuras nem os pés nos calos. Ainda que nova no contar dos números, era velha na experiência do choro. As lágrimas de duas semanas mancharam os lençóis da memória. A aparência do lado oposto da alegria, mas unidos ao deboche dos colegas. Todos iram rir de mim, o lema de sua experiência. Todos iram zombar da minha cara, sua frase tatuada no coração. Destino humilhante. Mal posso respirar de tanta gordura. As pessoas me odeiam, eu não me suporto. Se ninguém gostar de mim não serei complacente com minha vida. Se ninguém me abençoou então me responsabilizarei. Se ninguém me amar eu amarei minha tristeza, e sozinha irei chorar até me sentir linda. Até me sentir magra.


preguiça preguiça preguiça

De todas as facetas do comportamento, a coisa que eu acho mais engraçada é ver gente preguiçosa entrar em conflito emocional consigo mesma diante das necessidades da sua vida. Basicamente a pessoa se entristece em detrimento da posição de fracasso que se dispõe e da aparente impossibilidade de se livrar dos maus costumes. Eu poderia até expor uma solução, mas pensar nessa gente me da preguiça demais e me coloca em desvantagem rsrsrs

A maior tristeza de um rico

Acordo todas as manhãs certo que tenho educação. Certo de que tenho etiqueta e certo de que tenho postura. Acordo todas as manhãs convicto de que um dia serei ainda melhor. Acordo convicto de que a única coisa que me falta é poder. Mas depois de falhar sobre minhas certezas, percebo que não sou o único a ter a pobreza como problema. Percebo que isso não é exclusividade dos meus pensamentos. Que não sou sozinho nessa miséria. Que não tenho privilégios de se frustrar além dos demais. A vida não é fácil para grande maioria da população humana. Como a vida é triste.  Ser obrigado a sentar-se debaixo do sol, segurar uma placa de empreendimentos por 8h e receber como recompensa cem vezes menos que os donos do negócio. Ser noticiado de que a filha foi roubada e não ter a menor condição de dar resposta. Não ter grana para contratar um assassino profissional e reaver o prejuízo patrimonial e psicológico causado a quem você tanto preza. Mas ir a feira no momento chave em que os preços cai, justamente porque as frutas que restaram não são da melhor qualidade, porém, ainda comestível. Sujeitar-se a pedir dinheiro emprestado, sem saber quando poderá acetar a dívida. Ou não ter como pagar nem a condução de procurar um emprego, imprimir um currículo, menos ainda, fazer um lanche nesse percurso e dormir mal de tanta dor na cabeça. Envergonhar-se pela falta de uma bala, uma bala, que podeira adoçar o beijo que saiu horroroso. Então eliminar o estresse correndo no parque, já que não consegue se matricular numa academia. Nem poder dizer adeus com sofisticação, o medo da necessidade extingue qualquer soberba e o orgulho morre bem antes que a dignidade. A pobreza é uma doença que todos lutam para encontrar a cura; uns com violência, outros com conhecimento, até os preguiçosos, se esforçam com a imaginação. Como é difícil ser alguém. Para ser alguém é preciso ter dinheiro. Está ai a grande dificuldade. É errôneo pensar que dinheiro não compra felicidade. O dinheiro é a felicidade que não subtraí as tristezas. Compra as humilhações da família. Compra a lealdade no seu casamento. Compra o sigilo da sua insatisfação. Compra a atenção sincera dos amigos. Compra a saudade. Compra o alívio das dores. Mata sem você sofrer. O mundo também tem um preço e a tristeza sempre vai existir misturada entre as alegrias, independente do quanto você tiver para gastar. A maior alegria de um pobre seria poder pagar por tudo o que o mundo possa oferecer.  A maior tristeza de um rico seria perder todo o seu dinheiro. 💸

ninguém é de ninguém

        Na academia ela aventava a beleza do relacionamento: ir de bicicleta para adiantar as pernas. Não era isso o fruto do desentendimento. Eu não poderia saber, falavam mais baixo que o coração. Não era o estilo deles levantar suspeita. Quem me disse foram as cores em desenhos nas pernas, para trocar com os braços. Nele um tribal sério, nela um céu desorganizado por pássaros. Se eu pudesse ao menos interrompê-los para dizer que ninguém é de ninguém. Se eu pudesse avisar que toda a alegria é a alegria de viver. Se eu pudesse, antes mesmo que um deles almejasse sair sem dizer tchau.

        O amor cuspiu em mim a verdade que a vida inteira procurei. Como doía meus olhos ver a dor de suas mãos. Tremulas, já não tinha mais vontade de se definir. O peso era sobrenatural que seu corpo pudesse sustentar. Por isso ele parou como uma estátua em frente ao a puxador. Agora detalhista, nunca tinha reparado que um lado da corda era menor. Nunca tinha atendido que o terceiro peso da máquina estava trincado. Sem palavras. Sem reação. Ela se foi. Sem ao menos dar tchau. Abandonou a dieta. Abandonou a malhação. Quem há de negar queria o melhor para si?

        Vai saber se não era ele quem mais exigia. Vai saber se não era ela quem mais se despreocupava. Na cabeça de ambos o amor então me disse... faço histórias e crio esperanças, comigo tudo é divertido como um jogo. O amor é assim. Só estabelece interesse. Que seja bonita, que seja dedicado, que seja atenciosa, que seja carinhoso. O amor é assim. Parece com a sorte. Mesmo que tudo esteja bem. Mesmo que os veja hoje disputando a esteira, pensarei: cuidado, isso é perigoso!

        -mas só estamos brincando.

        -toda brincadeira é um jogo.

5 de fevereiro de 2015

        Ontem, ao voltar da academia, um senhor passou por mim. Tinha um defeito físico, não enxergava de um olho, mas andava em cima de uma bicicleta. Eu o vi diretamente pelo lado em que ele não pode retribuir o contato. Desviou-se de mim como um miserável feliz e no segundo poste disse: olá! Era para duas moradoras de rua, provavelmente suas amigas. Resmungaram da falta de água no córrego que costumavam se banhar. Sua amiga, sentada ao seu lado, indagou até quando continuaria, pois assim, ofereceria outra alternativa lastimosa. As duas malcheirosas dividiam a amizade. Então me olharam juntas como o que você quer ou o que teria para nos oferecer. Talvez um milagre, que não fosse meu, cair da moto do menino entregador de pão. Elas correram como se estivesse no horário de almoço, quente e na mesa. O menino parou logo mais a diante e avaliou o prejuízo ofendendo as mazelentas esfomeadas. Não é a primeira vez que o vejo vacilar na curva com a comida. Pilota de chinelo e com a segurança do veículo irregular. Já entregou pão a um vizinho do meu quintal. Esse, que trabalha vendendo milho cozido com manteiga em frente à estação, nunca o vi folgar ou folga quando geralmente estou trabalhando. Todas as vezes que me vê reclama do tento úmido do seu quarto. Penso se é o melhor que pode fazer. Por que temos dois olhos?


Mais essa vez

        Desculpa. Desculpa por pedir desculpa. Desculpa por ter apenas isso a oferecer diante de quem eu sou com você. Desculpa por essas palavras repedidas. Desculpa por essas lagrimas fora da validade. Desculpa por viciar sua paciência. Desculpa por de fazer feliz apenas agora, agora que eu te imploro por perdão. Desculpa mais uma vez. Desculpe-me pela última vez dessa vez que será a última. Desculpa por insistir, desculpa vai. Desculpa por ter medo. Desculpa por não raciocinar num ritmo competitivo contigo. Desculpa por ser inferior a você em fazer o bem. Desculpa por ser superior a você em fazer o mal. Desculpa por minha ingenuidade. Desculpa por não poder retribuir, mas desculpa por tentar, tentar com todas as minhas forças e ainda assim não conseguir. Desculpa, mas eu tenho vergonha de te pedir tantas desculpas, então me desculpa já que agora criei essa coragem mais uma vez entre tantas. Desculpe-me, por favor. Desculpe-me, ao menos tente, como eu, ser o que não sou. Desculpe, até porque se fizer isso mais essa vez estará desculpando meu futuro promissor ao seu lado. Desculpe para que um dia eu faça o mesmo por você, sem ressentimentos. Desculpe-me. Desculpe-me para se desculpar, afinal, é para você o meu pedido e a minha oferta. É para você minhas desculpas, é tudo o que tenho e lhe dou como prova do meu amor cheio de remorso.



Por que o amor é assim?

          Por que, a menina disse. Diante da falta de quem amava, não acreditava na novidade ainda ferrenha, ainda mais sofrível. Ainda mais desgraçada e imparcial diante do seu atual estado. Após a triste separação, fruto de um relacionamento conturbado, se ver ante a fatalidade de seu bichinho de estimação, sua única e provável companhia para as noites decorrentes. Sua única explicação para se tranquilizar, sua única certeza, incerta como nunca antes. As palavras de lamento entaladas na garganta se desfaz como ar pelos tubos de um nariz úmido, com aspecto de olho inchado, e o olho de um beiço em épocas de inverno, seco de tanta tristeza. Ao chorar e chorar pela incompletude de seus sonhos, chorar e chorar pelo fracasso de seus planejamentos, e chorar, ainda sem vontade, pela vontade de se ver livre da alma culpada. Se ver livre da vida mundana que nunca se pretendeu que fizesse parte da sua estratégia de felicidade. Por quê? Nem mesmo ele, meu simpático cãozinho, que culpa nada tinha, apenas necessidade de cuidados, não se livrou dos estilhaços do amor. Ódio, o amor me despertou. Ódio, o amor me fez sentir. Amor, é de onde o ódio nasce. Amor, é o início de qualquer frustração. O que farei? Se ainda não confio no que vejo, deitado em meu sofá. O que farei, se se esse é seu jeito de se acomodar? O que farei se ainda estiver ai, apenas a compartilhar minha raiva de mim por mim que não tenho resposta de como aconteceu. De meu amor aos meus amores. De minha saudade a meu sofrimento. De minha magoa a minha falta de ar. De meus desejos a minha falta de coragem. De minhas poucas explicações, agora, a explicação alguma. De um por dois. De dois por eu. De mim por nada. De não querer me ver. De não querer me aceitar. Não querer, não quero, me dar chance. Quero agora me responsabilizar. Quero me murmurar. Quero dar minha vida pela minha vida. Quero pagar com minhas falhas. Sair de cabeça quente por uma semana e esquecer que existo voltando com a solução as questões do passado. Voltado com uma satisfação de por que fiz isso, ou pelo menos fiz, mas sem perder a atenção. Por que abandonei quem não pode gritar? Acredito que chorou baixinho. Acredito que uivo como uma criança geme. Acredito que se esforçou para latir ainda sufocado, ainda sem o que comer, ainda sem o que beber, ainda aguardando esperançoso por um milagre da porta se abrir involuntariamente, ainda aguardando que pelo menos sobreviva correndo a moda selvagem, instintiva, que fosse por um gato, que fosse por um rato, que fosse pela água da chuva, que fosse pelo capim do jardim. Morreu pelo meu amor fracassado. Morreu pelo ódio por ti. Pagou com a vida nosso equívoco. Pagou com a vida nossa saudade. Pagou sem exigir troco e subiu aos céus por amor ao nosso ódio que um dia foi amor. Por que o amor é assim?



22 de janeiro de 2015





      Ouvir dizer que somos uma cabeça engatada num corpo que apodrece; que todo o próximo dia será o primeiro dia de nossas vidas, mas ainda insisto em fazer cara feia. Mas ainda insisto em contar vantagens. Ainda aproveito-me das opções para elevar meu ego. Alegro-me da situação ruim de quem um dia achou que eu não me daria bem. Ainda insisto em dobrar meu pensamento no pensamento do outro. Ainda insisto gastar energia para se apresentar o melhor que eu possa ser. Com minha imaginação sórdida faço loucuras. Produzo pelo raciocínio um doce veneno: às vezes experimento, para testar se ficou bom.

      A insignificância da vida diante da morte é o que nos motiva a busca pelo sucesso. Se gabar é um mal necessário. Todo mundo uma vez ao menos na vida já se orgulhou de si. Felicidade boa é se sentir bem consigo mesmo. Cuspir para o alto acreditando ser brincadeira de infância. Humilhar sem perceber ou perceber para humilhar. Amar pouco sem se contentar com o pouco do amor, para ter certeza que de onde o amor vem, vem completo. Ganância não é simplesmente exagero, ganância é sobrevivência. Querer para se sentir seguro. A única segurança dessa vida é saber que não temos nada a perder perante o próprio corpo que nos abandona e que só restará a consciência perdida e imobilizada pelas consequências inexplicáveis da natureza.



Meu amor

              Irei deixar a maior cicatriz em seu coração. Irei acabar com suas esperanças. Irei de deixar perdida sem ideia de como depois recomeçar. Eu irei te convencer de que valerá a pena ser humildade até depois do fim. Você será infectada pela maior saudade dessa vida. Você será constrangida pelos seus próprios desejos e se envergonhará pelos seus próprios impulsos. Você será forçada a me procurar. Mas quando esse dia chegar falarei em seu ouvido que nada do que faz é motivo de embaraço. Que não é humilhação correr atrás de mim, ao mandar mensagens e insistir, tentar, nem que seja a última vez. Você só se humilhará se estiver mentindo. Quem fala a verdade está em paz. Você só se humilhará se oferecer o que não pode dar. Falsas promessas não duram uma semana. Você só se humilhará ao perceber que está perdendo espaço. Amar é dar espaço. Você só se humilhará quando não souber o que está fazendo. Quem faz o que deseja não tem motivos de se sentir na dúvida nem envergonhado. Você só se humilhará se não tiver coragem de agradecer, mas no momento derradeiro, pedir desculpas, porque pedir desculpas é mais fácil, é agi conforme nosso desespero. Você só se humilhará se acreditar que não há mais vida, não há mais ânimo, não há mais força. Amar é ser fraco, mas ser fraco juntos. Amar é sofrer e ser feliz tudo ao mesmo tempo: a felicidade traz o esquecimento e o sofrimento deve criar coragem, mas não desanimar. Só desanima quem nunca quis. É por isso que eu quero por antecipação. Não se assuste com os meus planos. Significa que não terei vergonha do que penso e me entregarei por inteiro.



Incongruências do amor

         Sentimento cruel é o amor. O amor das nossas vidas. Até o amor que vem da família. Todo o amor herdado dos céus. Onde fica a fonte verdadeira dessa incoerência? Para no presente amar sem remediar e no futuro não se arrepender. O amor que amamos, para fazer o amor acontecer, não possui limites. Já perdemos todo o controle apenas por tentar controlar esses impulsos de amar. Não há regras no amor. Nem adianta dizer que irá ficar solteira para o resto da vida por conta de desentendimentos do passado. Nem adianta se perder pelo amor de amar porque o amor é a surpresa que odiamos e ao odiar tomamos juízo de que amor maior não há. Odiar é amar a si mesmo pelo desencontro de interesses, já que amor é interesse, senão, sobrevivência. Engano aceitar o amor como a sensação misteriosa que faz mais o coração pulsar, dilatando nossa memória. Mas não é simplesmente isso as coisas do amor, aparentemente a nos libertar à prisão que ele nos constrói. Sentir o peito crescer de lembranças e abraçar o corpo por tanta saudade. Chorar pelo passado errado, na tristeza de não ter dado certo e não prosseguir como o amor prometeu. O amor nos salienta pela nossa própria esperança, se aproveitando dos nossos próprios desejos. O amor, sublime amor. É composto por faces, dividido por episódios, cada qual uma reação diferente. O amor, involuntário, ardil e horrendo ao óleo negro em branco leite. O amor que alimenta a perspectiva de inventar e ser criativo a cada amanhecer. O amor, que também magoa, mas além disso elimina a vontade de acordar e quem sabe matar o sofrimento junto com a gente. Daí sobrevivemos, todos as vezes, recuando com a experiência de aprender que amar não é se encontrar, mas se perder. Abriremos mão da falsa alegria, assim, se sentindo seguro e protegido pela conveniente inteligência. De repente estamos amando, novamente, invadidos sem querer. Damos mais uma chance ao desconhecido, fazendo do próximo o analgésico da dor de cabeça anterior. Aproveitando da vontade do outro para realizar a vontade nossa. Fazendo do amor apenas uma obra aparente de se ver a justificar o tempo perdido. Se aproveitar da carne para enganar a consciência, negando o receio de retomar a solidão incompreensível. Essa é a sina do coração. Lutar, viver, dando significado as lagrimas da paixão. Por que o amor é viciante? Porque o amor é assim, tão incongruente? Por que o amor é assim, tão desairoso? Por que o amor contamina a perspectiva da dor. Por que o amor nos desmonta em mentiras? Por que o amor nos faz sorrir sozinho como louco e chorar pela multidão como criança? O encontro de duas vergonhas, mas o arremate de duas audácias. Os vários palavrões misturados ao prazer sem pudor, para na ausência de interesse a timidez de pedir desculpas e o cerceamento do ânimo de abraçar outra vez. Por que o amor é assim, triste mas alegre? Cheio de vitorias entre tantos fracassos. Por que o amor é assim, infestado de tentativas e não-acertos, mais a ilusão de acreditar, porque o amor é acreditar, mas acreditar desconfiando. Por quê? Por que o amor é o amor e não a certeza? Por que o amor não é como a luz do dia e o escuro da noite; o início da vida e o fim com a morte? Por que o amor é como é e não como sonhamos, pior, as vezes se assemelha ao susto como um pesadelo.


Tristezas do mundo

           O problema é que eu falo. Minha verdade. Cada qual como pode. Cada qual como quer. Como sente. Sentir é o que se sente, o tempo todo. Para. Pensa. Deseja. Mas não fala. A mente não deixa. Junto, a experiência. Da derrota. De tentar. Se frustrar. Não falamos. Uma questão de vergonha. Mas se você se constringir e se rebelar, prova de que é você quem errou. Só faz barraco quem errou. Quem não erra se amedronta. Desiste. Uma questão de injustiça. O problema é que eu falo. Eu falo o que penso. Alguns não teriam essa coragem. A dor da solidão os impendem. O pânico da represaria os limitam. Nossa consciência não tem culpa. Me ajude a chorar. Não entendo as tristezas do mundo. Claro que cada um faz o que pode. Claro que cada um tem seus defeitos. Claro que por conta de te amar eu sofro. Como a menina ao lembrar do garoto de olhos claros no fundo da sala. O desgosto de vê-lo correr pelo pátio sem percebe-la. O pai que sai do caixa eletrônico com salário no bolso e é surpreendido com um tiro no peito. Quem falará por ele senão talvez os céus retribuindo com lagrima fria, bate na pele e sente na carne. Sentir é o que se sente, o tempo todo. Ódio. Soberba, até mesmo estando errado. Não é fácil errar. Desonra quem achávamos que éramos. Se flagrado na cama com outra e continuar amando, amar mais. Amar melhor e se arrepender do que foi bom. Liberdade ou Justiça?



Uma casinha velha

          Sempre haverá uma casa favorita em nossa imaginação. Sempre haverá a lembrança do lugar por onde um dia se passou. Sempre haverá nos olhos o cheiro daquele quintal misterioso. Na menina dos sonhos dependurada a faixada do velho portão. A garagem suja de folhas secas. O pó contaminou o brilho. Mas os dois ou três passarinhos restantes preservam a memória do conforto. A tranquilidade só alcançada naquele lugar. Naquele casa sozinha e abandonada. Naquele jardim descuidado repleto de bichos conversando entre si. Dentro da casa reina o silêncio dos fantasmas, mas diante do dia ensolarado a luz renasce a esperança da limpeza. A vontade de misturar água ao sabão e fazer a casa se embriagar de espuma. A vontade de se viciar no látex branco pra fazer companhia a paredes maltratadas. Brincar com argamassa como se brinca com argila, tapando os buracos da história. A placa de vende manteve a cor original castigada pelo tempo. Da dó de injetar óleo nas dobradiças enferrujadas da portinhola. O barulho assombroso é a campainha silenciosa. A sujeira da janela decora com horror a visão exterior, mas por trás do circulo limpo com álcool se encantar com a beleza dos outros vizinhos. A rua é onde se compõe o desejo de quem procura paz. Um silêncio absurdo. Uma tranquilidade paranóica. Os vizinhos, durante a semana, são indiferente, estariam muito ocupados. Desejará folgar na semana. Mas curioso, final de semana talvez escutará um bom dia apressado, um coral de saudações, a família partindo para um lugar que possivelmente seja tão bom quanto aquele, todos com cara de que estariam prestes a aprontar algo de errado. Despertará um inconveniente curiosidade. Passar o domingo na cadeira de balanço e não fazer questão de procurar outra diversão. A casa é um arco íris de comodidades. Depois de tudo, dos ligeiros assaltos a geladeira, depois dos chutes na bola pelo corredor, depois de lavar o carro e escorregar no chão molhado. Depois de cozinhar, comer, largar a lousa sujar, mais tarde sentir remorso e lavá-la, ir ao super mercado, ligar o ar condicionado e botar um ótimo som, ainda haverá o quarto e o imenso colchão pronto para absorver o choro de alegria. As vezes o tédio é felicidade, mas a gente não percebe.



Deuses: grandes negócios $



            Uma vez me disseram que o início de uma discussão religiosa só seria bem aceito se fosse com a fé compartilhada, se os princípios e ideais fossem iguais e se não houvesse discriminação entre as crenças.  Isso desmonta qualquer vontade de quebrar paradigmas, de surpreender com novas teorias ou de provar a existências de seres extraterrestres por exemplo.  KKKKK Diz que prefere preservar-se no silêncio a lutar pelas próprias convicções. Não dispõe de interesse em defender seu dogma, mas de difundir sua alegria. Não entra em guerra pelo que acredita; faz da sua crença o princípio da paz.  Bom seria assim, o homem capaz de acreditar no que quer sem criar preconceitos. Mas não, claro que não! Tanto prova que religião nunca deixou de ser uma forma de disputa, de conflito e de grandes negócios.   Ah não? Então pare e pense... conflito árabe-israelense.  Falo das tensões entre judeus e árabes que começaram a emergir a partir da década de 1880 do século XIX, quando judeus provenientes da Europa começaram a emigrar, formando e aumentando comunidades judaicas na Palestina, quer por compra de terras aos otomanos, quer por compra direta a árabes proprietários de terrenos. Estabeleceram-se assim comunidades agrícolas nas terras históricas da Judeia e de Israel, que eram então parte do Império Otomano. Historicamente, os antigos judeus desde os tempos bíblicos chamaram sua terra de Israel, Canaã, Judeia, Samaria, Galileia e outros nomes há muito tempo. Judeus modernos, e alguns cristãos, acreditam que, de acordo com a Bíblia e a Torá, Deus deu esta terra para os antigos judeus (também conhecido como hebreus ou israelitas), liderada por homens como Abraão, Moisés, David, e outros.  Cerca de 2.000 anos atrás, o Império Romano dominou esta área, e, ao suprimir várias rebeliões judaicas, destruiu o templo judaico na cidade de Jerusalém, matou um grande número de judeus e forçou muitos outros a deixar sua terra natal em um êxodo chamado diáspora.  Nesta ocasião, o Império Romano mudou o nome da Terra de Israel para Palestina. Alguns judeus permaneceram na área, mas um grande número desses não retornou até os séculos XIX e XX. No século VII, os árabes muçulmanos invadiram a Palestina, e por ai vai...  Mas resumindo: religião e negócio se confundem.     Igrejas como “Bola de Neve Church” e “Batista do Povo” possuem sistema de maquininhas para cartões de débito e credito.    Existem lanchonetes dentro das igrejas, vendas de livros, roupas e ingressos para Shows e eventos organizados pela própria ou em parcerias com músicos e artistas.  A Igreja já não sobrevive mais apenas ditando versículos bíblicos.        Se faz necessário músicos, bandas, palco, luzes, cores, teatro e inúmeras produções artísticas.       Se faz necessário comédia, drama, improviso diante do público religioso. Em cima do altar é preciso ser dançarino, cantor, ilusionista e ator. Em religião, como qualquer negócio, há concorrentes.     Emoticon like