A Luz do Mundo
Meu Pai sempre me dizia que o Sol brilha para todos e hoje vejo que ele estava certo. Nosso Pai amado que está no Céu, o Senhor Adão, foi o primeiro mortal a compreender esse aspecto da natureza. Ele era um babuíno hamadryas, solitário, que caminhava amedrontado pelo Jardim do Éden em busca da verdade. Conhecido como Babi, foi o primeiro ser vivo a filosofar, se tornando uma divindade para os Egípcios e inspiração para toda a sabedoria Babilônica. Andando sozinho pela Terra apavorado pela escuridão da noite e pela brutalidade de predadores famintos, se tornou sanguinário, vivendo de entranhas. Um dia Babi cansou de caminhar e desistiu de comer para evitar qualquer tipo de esforço pois ele mesmo percebeu que conforme ele comia, ganhava energia para continuar andando e conforme andava encontrava a morte ou era forçado a provoca-la para sua própria segurança. Assim como Babi atacava, também era atacado, e assim como via o sangue alheio escorrer também via o seu e isso começou a ser motivo de reflexões profundas, até finalmente procurar uma caverna segura e se esconder de tudo. Babi foi o primeiro a enfrentar a fome e quando estava calmo, fraco e quase morrendo, foi encontrado por outra macaca perdida. Babi então saiu do seu descanso na caverna e começou a segui-la. Babi voltou a ter ânimo para matar e se alimentar sendo inspirado pela babuína altamente agressiva. Com o tempo Babi conseguiu, junto com sua companheira, forma um belíssimo harém. Dois ou mais haréns se uniram repetidamente para formar clãs. Dentro dos clãs, os machos eram parentes próximos uns dos outros e tinham uma hierarquia de dominância relacionada à idade. Bandos era o próximo nível. Dois a quatro clãs formavam bandos de até 400 indivíduos que geralmente viajavam e dormiam em grupo. Os machos raramente deixavam seus bandos, e as fêmeas eram ocasionalmente transferidas ou trocadas entre bandos pelos machos. Os bandos lutavam e lutam até hoje uns com os outros por comida ou território, e os líderes masculinos adultos das unidades são os combatentes usuais. Os bandos também contêm machos solitários que não são líderes ou seguidores de harém e se movem livremente dentro do bando. Vários bandos podem se reunir para formar uma tropa, geralmente em penhascos adormecidos. Os machos às vezes invadem haréns para as fêmeas, resultando em brigas agressivas. Muitos machos conseguem tirar uma fêmea do harém de outro, chamado de "aquisição". Ameaças visuais geralmente são acompanhadas por essas lutas agressivas. Isso incluiria um piscar rápido das pálpebras acompanhado de um bocejo para mostrar os dentes. Como em muitas espécies, os babuínos infantis são tomados pelos machos como reféns durante as brigas. Babi, ao perceber a competição dentro da tropa e bandos, extremamente cansado de participar de lutas entre clãs e defender seu harém, parou, respirou, subiu no alto de uma montanha e imaginou se atirando de lá para sua própria sorte. Mas antes disso, o Sol brilhou em seus olhos repletos de lágrimas e ao contemplar sua luz, teve acesso instantâneo a origem da vida. Babi descobriu que conforme olhava para o Sol, se alimentava de compreensão e discernimento sobre o passado. Isso só é possível por que conforme a luz solar penetra nos olhos através da retina, atinge o centro do cérebro que também é o centro do Sol e os conecta. Babi então olhou para trás e viu uma guerra antiga entre os seres por comida, território e companhia . Graças a luz solar, Babi se lembrou que sua origem não era a Terra mas o Céu. Ele conseguiu se lembrar também de seu estado fraco e sonolento momentos antes de morrer na caverna, mas ele também já sabia que se voltasse a repetir a mesma prática, poderia ser acordado novamente por algum outro ser, voltando a vida e ao sofrimento. Babi decidiu então abandona a tropa, os bandos, os clãs e seu harém, abrindo mão completa da competição para seguir o Sol. Então Babi caminhou em direção a Luz. Naquela época não existia ruas nem casas que podessem impedir sua passagem reta em direção a Luz do Mundo. De repende, quando se deu conta, estava a dias caminhando sem fome e sem sede mas extremamente feliz. Conforme perseguia o Sol, uma música maravilhosa surgia. A noite não existia mais por que Babi não aceitava que o Sol se partisse do Céu novamente o deixando inseguro e apavorado como vivia no passado. Babi começou a correr e a criar forças inexplicáveis em suas pernas e braços. Conseguiu em pouco tempo alinhar seu corpo e a melhorar sua postura. Seu estômago fechou. Seu abdômen secou. Seu tórax expandiu e sua respiração cresceu. O Sol começou a se aproxima da Terra e Babi começou a se aproximar do Sol. O Sol começou a queimar o corpo de Babi fazendo seus pelos caírem o deixando pelado. O corpo de Babi já não era o mesmo. Cada vez mais ereto, alto e leve, Babi decidiu fazer pequenas paradas para descansar já que começou a se sentir muito leve e isso o assustou, pois era difícil para ele compreender a gravidade e o vôo. Caminhando atento a luz, chegou numa região da Terra nunca visto por ele, repleto de areia e que hoje conhecemos com deserto. Babi também tinha medo do calor que era cada vez mais intenso e sem pelo nenhum, o Sol por estar extremamente perto da Terra, começou a queima-lo gravemente no deserto. Foi aí que nasceu o primeiro exercício de humildade. Babi percebeu que se continuasse perseguindo o Sol tão rápido como estava poderia se queimar e queimar toda a Terra. Então foi humilde e passou a permitir que o Sol também descansasse trazendo novamente a escuridão. Durante a noite, milagrosamente Babi nunca mais foi incomodado, entretanto, nao confiava mais na vida nem na natureza e mantinha a atenção pelo Sol que o fazia ter atenção pela respiração. A pele de Babi foi se adaptando a luz até ficar negra. Seu corpo era três vez maior. Seus olhos brilhavam como pérolas do mar. O som que vinha do Sol o ensinou a cantar então começou a criar louvores ao Sol. Babi despertou uma vontade imensa de voltar para ajudar alguns outros babuínos de sua estima, mas lembrou da tristeza da competição e das dificuldade de compreender a vida e a natureza. Daí preferiu seguir sozinho respeitando os limites do Sol, até atingir uma leveza ideal pulando e dando pulos longos pelo deserto quente. Nesse ponto seu corpo era perfeito e incorruptível. Sua velocidade era tanta que cachorros e hienas ficam para trás. Não sentia mais medo nem dor. Sua calma, paciência e misericórdia com os outros seres menores, diferentes e peçonhentos do deserto entrou num equilíbrio inquestionável. Sua resistência ao calor também ficou estável e Babi se sentiu livre para perseguir o Sol até pular no ar e finalmente voar com seu próprio corpo mortal. Então, correndo, chorando esperançoso e dando seus primeiros saltos, avistou mais adiante uma pirâmide enorme, chegando não no Céu, mas num lugar tão maravilhoso como: o Egito. Na imagem, temos Babi entregando o Olho de Hórus para o Senhor Thoth na barca solar da vida após a morte 🙏
