24 de junho de 2022

A Prisão do Corpo

Que engraçado a vida. Enquanto a gente tá moscando as coisas acontecem assim tranquilamente, por acaso. Até mesmo a morte, ou uma doença ou um acidente chega de surpresa, na calada, na covardia. Mas depois que você começa a prestar bem atenção na vida você vê que ela é um joguinho super sujo e maligno. Você consegue até ver a maldade trabalhando, como se no espaço e no tempo surgissem inúmeras teias e armadilhas que antes eram invisíveis. Você vai percebendo nitidamente o ciúmes, o sofrimento, a ignorância alheia e infelizmente sem condições de fazer absolutamente nada a respeito, somente contemplar e a medida do possível fugir. Eu vivo fujindo da maldade. Ela é louca para nos pegar, nos transformar em miseráveis, ou criminosos, ou em drogados ou em qualquer tipo de estereótipo ruim capaz de nos humilhar diante dos seres e da vida. Ela faz isso não só comigo mas com todos os seres usando a fome, a dor, o medo e depois nos condenando por pecados, regras e ilusões.  O mal é tão sujo, tão covarde que usa os próprios seres uns contra os outros por intermédio de futilidades materiais como corpo, comida, água. Nesse sentindo, o próprio corpo passa ser nosso maior inimigo. O corpo depende de inúmeras coisas físicas para ser adequado a uma sociedade e isso é mais um recurso ilusório usado pela maldade. Roupas, casa, dinheiro, são itens inúteis perante a realidade. Por culpa do corpo em sociedade temos que trabalhar e às vezes lutar por coisas como dinheiro, sendo que a comida sempre foi dada de graça pela natureza e mesmo que voltássemos a levar uma vida nômade ou primitiva, ainda assim teríamos problemas com a irracionalidade dos animais que eu mesmo pude atestar que estão vinculados ao ciúmes, a fome e aos mesmos medos e ilusões criados pela maldade. Sem o corpo, estaríamos completamente livres de todas as necessidades físicas e matérias, já que todas elas são do corpo e não dá consciência. A consciência não pode depender do corpo por que o corpo é apenas Água e a consciência, Ar. O corpo é uma prisão para o espírito que é a consciência. A Consciência (Cinmatra) é um átomo de Ar (Paramanu). O cativeiro que vivemos dentro do corpo é chamado Bandha e a escravidão só acaba quando a alma se desfaz e o espírito se separa e assim finalmente se liberta (Kaivalya).