Que mundo é esse? Mundo grande, tão pequeno. Trabalho com tempo para tudo, o de chegar, o de sair, de comer, de descansar. Mas olha o mundo! Que mundo é esse? Mundo vem, mundo vai, o céu, que é sem teto. Sem fim das horas, quando é dia cai logo é noite, mas a noite sai assim é dia. Retomo meus erros como vulcões as larvas. Faço bobagem como furacão em fúria faz barulho. Minha natureza tem limites de ir, de voltar, sempre na linha do meu medo. Esgotei minha coragem. Está aqui meu susto olhando o mundo que não cabe, nem ele no meu que é tão vasto quanto o fim incerto mas esperado. Não sei quando chega nem como chegará. Mas o mundo está lá, povoado como o nosso que é mundo sozinho, estando lá não se sabe só se imagina o vai e vem de nascer ou de morrer. Mundo brilha, mundo apaga. Imenso mundo espacial, na galáxia inexorável à areia vermelha da praia. Lindas águas negras de um oceano raso tem um mundo. As folhas podem ser azuis, o mel pode ser rosa. Tanto faz. Estranho limbo, esse universo quieto de estrelas mudas. Separadas, fazem o vão entre outras, paralelas que nos cruzam em alguma medida na observação atenta da saudade. Mundo vai, vai se estender e crescer por esse universo. Encontrar o seu limite. Explorar sua essência. Descobrir seu amor. Aproveitar a liberdade da solidão, exemplar nas estrelas cadentes. Vaga mundo, moribundo como os asteroides. Então mundo, revele quem é você nessa escuridão, sua coragem lúdica em vagar sozinho e elegante, vestido com a névoa do próprio exílio. Cuide-se mundo, preciso voltar ao meu que fica em algum canto do seu.