Não sei se te amo ou se te odeio. Sei que nosso final não será feliz. Não pela rejeição do beijo, mas pelo abraço da vaidade. O que conforta é que final feliz com beijo é invenção, só serve pra tranquilizar todo mundo dando ideia de que os amantes não vão mais enfrentar obstáculos. Mas sem obstáculos o amor acaba, não há mais o que contar, acabou o romance. Mas quando não há beijo, não há morte, mas só rancor? Não tem saída? Eu acho que a saída é não desistir de procurar saída. Mesmo que ela não exista. Talvez as histórias de amor sirvam pra isso. Encorajar os casais a não desistirem de procurar uma saída. Pode ser. Mas e quando amor se torna ódio? É amor ainda? É saída ainda? Odiar alguém depois de amar não é planejar o beijo ou a morte como vingança, a vingança parece ser a briga que não acabou, a discussão que se mantém em silêncio, é odiar amar, é odiar continuar amando, é muita cabeça quente para pouco sangue frio, sendo só mais uma etapa do amor ressentido. Odiar alguém depois de amar não é perseguir, não é bloquear, não é se esconder, não é se expor. O drama é a esperança ocultada. O que se acredita ser ódio , assim, não passa de expectativas em excesso. Odiar alguém depois de amar não é desejar a queda, odiar já é comemorar sem perceber. Odiar não é desejar o mal, é festejar pela certeza que o mal acontecerá. Não te odeio , não te amo, estou apenas sofrendo.