20 de abril de 2017

Sensibilidade da Paixão

    Não sei se te amo ou se te odeio. Sei que nosso final não será feliz. Não pela rejeição do beijo, mas pelo abraço da vaidade. O que conforta é que final feliz com beijo é invenção, só serve pra tranquilizar todo mundo dando ideia de que os amantes não vão mais enfrentar obstáculos. Mas sem obstáculos o amor acaba, não há mais o que contar, acabou o romance. Mas quando não há beijo, não há morte, mas só rancor? Não tem saída? Eu acho que a saída é não desistir de procurar saída. Mesmo que ela não exista. Talvez as histórias de amor sirvam pra isso. Encorajar os casais a não desistirem de procurar uma saída. Pode ser. Mas e quando amor se torna ódio? É amor ainda? É saída ainda? Odiar alguém depois de amar não é planejar o beijo ou a morte como vingança, a vingança parece ser a briga que não acabou, a discussão que se mantém em silêncio, é odiar amar, é odiar continuar amando, é muita cabeça quente para pouco sangue frio, sendo só mais uma etapa do amor ressentido. Odiar alguém depois de amar não é perseguir, não é bloquear, não é se esconder, não é se expor. O drama é a esperança ocultada. O que se acredita ser ódio , assim, não passa de expectativas em excesso. Odiar alguém depois de amar não é desejar a queda, odiar já é comemorar sem perceber. Odiar não é desejar o mal, é festejar pela certeza que o mal acontecerá. Não te odeio , não te amo, estou apenas sofrendo.