O movimento feminista até hoje é martirizado por ser transformador, por ser diferente, por ser libertário. As feministas até hoje são estereotipadas como as solteironas, a estranha, as feias, as que ninguém quer, logo, são as que reivindicam o que não conseguem, mesmo indo ao limite, competir. Essa hostilidade é ampla demais, foge de questões políticas de direito e igualdade e também invade outros campos da psicologia e da nossa saúde geral. Falo de você que é criticado por está velho e ainda solteiro. Falo de você que por ser gay é julgado como sem perspectiva de criar laços familiares nem sucessores. Falo de você que já se casou e se separou inúmeras vezes, agora se sente péssimo com tantas difamações proveniente principalmente das novas pretensões. Falo de você que decidiu sumir, viajar, conhecer outras culturas, explorar por oportunidades, arriscar se aventurando e quando no fim tudo falhou, foi humilhado e não compreendido por aqueles que um dia disseram te amar. Falo de você que tem filhos de outros relacionamentos, mais filhos do relacionamento atual e nunca consegue por conta disso escapar das indignações que os outros descarregam sobre você todas as festas e encontros. É sempre assim quando não seguimos os padrões, quando não obedecemos as regras, quando não respeitamos os costumes, quando deixamos de ser tradicionais. É sempre assim até mesmo quando não foi por nossa própria vontade, às vezes apenas o tempo passou e não percebemos, distraídos com algo da vida, não nos atentamos. Às vezes foi o estudo, o trabalho, as pressões econômicas e as ambições por sucesso que nós prendeu num objetivo pelo qual superou qualquer tradição. Às vezes não tivemos sorte e por acidente nos envolvemos com alguém que não nos proporcionou continua alegria, mas com espaço e opções decidimos trocar ou seguirmos sozinhos. Às vezes por conta de um simples hobby, ou um simples entretenimento, ou uma forte consciência em saber esperar foi o que nos manteve só sem perceber. O que acontece é que até hoje, uma hora ou outra, ouvimos de amigos ou de familiares e até de quem se quer nos conhece ironias e deboches quanto a nossas escolhas não conferiram idênticas ou semelhantes as da maioria. Óbvio que por causa desses estigmas nos sentiremos em algum momento culpados, correndo o risco de aceitar as agressões como forma de castigo: que jamais deveria acontecer. Esse estado livre de seguir sem perceber, sendo aquilo que desejávamos ser é exatamente a nossa redenção. A liberdade tem seus problemas como qualquer vantagem tem suas desvantagens, mas a liberdade é a única coisa que mais nos proporciona experiências e nos amadurece em relação as coisas novas. No momento em que optamos por algo que nos interessou em detrimento de algo que nos era forcado, avaliamos os resultados e os benefícios de nossas certezas. Quando repararmos nos outros e percebermos que estamos melhor, será a hora em que finalmente aprendemos não só a nós perdoar, mas a reconhecer que graças aos nossos pecados é que conquistaremos a salvação.