Alô. Por que desviou da relação? Por que preferiu mudar de caminho ao me enxergar lá na frente? Que experiência traumática viveu para optar pela mão da saudade? Foi a primeira saída, via de fácil acesso, de poucos percalços, tão lisa, tão reta, tão longa, margens para outras opções? Porque a curva do meu amor parecia tão acentuada assim? Seria risco de acidente tentar nessa paixão? Você nem pensou em reduzir a velocidade, você nem ponderou pelo prazer da viajem, houve receio de mais uma aventura sinistra. O trajeto de emoções, mapa da minha vontade, você nem procurou conhecer. Senti que seriam úteis seus concelhos, mesmo quando de ponta cabeça, auxílio que não tive. Sumiço no sonho, não vejo mais sua paciência, critérios do seu prazer, para que lado virou sua voz cada vez mais distante, engolida pelo túnel do tempo? Por que não seguiu, mas pegou o retorno? Por que não contorna e volta para mim? Pegue-me na esquina, segure minha mão, dê-me carona, adoraria navegar em seus cabelos. Mas não assim, fugir por que? Pensou que seria muito arriscado? Imaginou grandes perigos na tortuosidade dos meus toques de carinho? Preferiu esquivar por achar minha ousadia uma ameaça? Escolheu fugir por pensar ser grave demais amar novamente. Não ser como sempre desejou, mas breve demais, ou áspero demais, ou apagado demais, ou declinado, ou íngreme, ou úmido, ou seco, ou duro, ou mole, ou agudo, ou frágil, quente ou frio, jamais ideal. Você virou a esquerda, evitando a contramão. Você, assim que pode, dobrou na mais próxima e foi, sem olhar pro futuro. Foi, e não convidado, apenas olhei você partir.