Não nascemos prontos. Precisamos aprender, nos adaptar, e o processo de aperfeiçoamento percorre por toda a vida.
Não somos como os animais. A tartaruga que sai do ovo pronta para nadar. O bezerro que anda minutos após seu nascimento.
Necessitamos de conhecimento para seguir. Só que o que me impressiona é descobrir que quase sempre o conhecimento não é nosso.
Há um médico para nos tratar. Há um professor para nos ensinar. Há um nutricionista que explica nossa dieta. Há um pai e uma mãe que nos educa. Há sempre um ditador que nos orienta, ou nos impulsiona, ou nos escraviza, ou nos sustenta, ou nos oferece milagres.
Obras como Os Sete Hábitos das Pessoas Altamente Eficazes, Como Fazer Amigos e Influenciar Pessoas, Como Evitar Preocupações e Começar a Viver, Como Falar em Público e Encarar as Pessoas etc.. são exemplos dessa criatividade que é a autoajuda.
Uma tirania moderna, que além de nos impor, nos cobra pela opressão. As Dez Leis para Ser Feliz tem um custo e um número de regras que não são nossas, mas de alguém que nos determina.
É incrível. Não basta exercer sobre nós o poder, somos obrigados além de tudo a pagar por isso. O que significa que pagamos pela derrota de por si só não conseguir ser feliz.
A autoajuda é assim, fórmulas que servem para qualquer um , em qualquer caso. Aí de você então se preferir a partir de agora caminhar com as próprias pernas. Além da enorme angústia que é conhecer a vida e a própria, sempre haverá um tirano incomodado com sua autonomia.
Agora se não quiser também, o jeito mais fácil é enganar, inclusive tudo facilita para isso. A cola na hora da prova, as regras do chefe no emprego, as exigências da família. Fazer o que tem que fazer e está tudo pronto. Para quem não quer pensar tem tudo acabado, basta ter condições de pagar por tudo isso, com dinheiro, com o corpo, com a alma, tudo tem seu valor.